Maio Amarelo: quando a cor da atenção vira alerta de vida

Campanha nacional chega a 2025 com o desafio de despertar, nas ruas e consciências, o peso real dos números que o Brasil ainda insiste em naturalizar

No Brasil, morrer no trânsito virou quase uma estatística diária. São mais de 90 vidas perdidas por dia em acidentes que, em sua esmagadora maioria, poderiam ter sido evitados. Não se trata de fatalidades, mas de falhas humanas — distração ao volante, excesso de velocidade, imprudência, desrespeito à sinalização. É nesse cenário que ganha sentido o Maio Amarelo, movimento que há mais de uma década busca romper a anestesia social diante dessa tragédia silenciosa.

Neste ano, o tema proposto pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) é direto: “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”. A escolha das palavras não é casual. A campanha de 2025 quer devolver o protagonismo às pessoas — não apenas como vítimas ou números, mas como agentes de transformação.

A cor amarela, que simboliza atenção no trânsito, ilumina neste mês não só fachadas de prédios e monumentos públicos. Ela é também um chamado simbólico, um lembrete de que cada decisão tomada atrás de um volante, sobre duas rodas ou mesmo a pé, carrega consequências que vão além do indivíduo.

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 33 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil apenas em 2022. Isso sem contar os mais de 250 mil feridos que sobreviveram, muitos com sequelas permanentes. O impacto vai muito além do drama pessoal: representa uma sangria nos cofres públicos — com estimativas que superam R$ 50 bilhões por ano em custos diretos e indiretos — e uma devastação invisível nas famílias atingidas.

A coordenadora de educação do ONSV, Viviane Fonseca, resume o propósito da campanha:

“A ideia é humanizar o trânsito. Mostrar que não estamos falando apenas de estatísticas, mas de pais, mães, filhos, amigos que não voltam para casa. A responsabilidade é compartilhada, mas começa com a consciência individual”, afirmou.

Neste ano, o Maio Amarelo também reforça o foco nos mais vulneráveis: pedestres, ciclistas, motociclistas e usuários do transporte público. São esses os que mais sofrem nas vias brasileiras, muitas vezes mal sinalizadas, sem infraestrutura adequada e dominadas por uma cultura de pressa e desatenção.

Em paralelo às ações de conscientização, várias cidades brasileiras lançaram iniciativas locais. Capitais como Curitiba, Salvador e Goiânia ampliaram blitzes educativas, rodas de conversa em escolas, simulações de acidentes com equipes do SAMU e campanhas nas redes sociais. A intenção é levar a discussão para dentro das casas, dos grupos de família no WhatsApp, dos bares, das empresas.

A mobilização, no entanto, ainda encontra resistência. O trânsito no Brasil é, muitas vezes, tratado com certo cinismo — como se imprudência fosse sinônimo de esperteza e como se o respeito às regras fosse sinal de ingenuidade. Mudar essa mentalidade exige tempo, persistência e uma nova forma de olhar para o outro.

É por isso que o Maio Amarelo não quer apenas comover: quer incomodar. Quer que motoristas pensem duas vezes antes de olhar o celular enquanto dirigem. Que motociclistas escolham o capacete certo e respeitem o limite de velocidade. Que pais ensinem seus filhos desde cedo a atravessar na faixa. Que o poder público assuma seu papel na fiscalização e na melhoria da infraestrutura urbana.

Porque, ao fim, trânsito seguro não é um privilégio — é um dever compartilhado. E a mudança começa quando cada um assume a sua parte.

Como lembrou uma das campanhas do ONSV: “No trânsito, o sentido é a vida.” Em 2025, o desafio é fazer com que esse sentido volte a ser levado a sério.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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