Ex-desembargador diz que país deve parar se Alexandre de Moraes decretar prisão do ex-presidente
O ex-desembargador Sebastião Coelho lançou um alerta direto nesta terça-feira (22): se o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandar prender Jair Bolsonaro, a reação precisa ser imediata, e forte.
“Vamos deixar combinado o seguinte: se Alexandre de Moraes prender Bolsonaro hoje, nós temos que começar a parar o país hoje”, disse Coelho, em tom de convocação.
A fala veio após ele comentar o despacho mais recente de Moraes, em que o ministro cobra explicações da defesa de Bolsonaro por um suposto descumprimento de medidas cautelares. Para o magistrado aposentado, o teor do despacho indica que a decisão já está tomada.
“Porque no despacho de ontem, ele fala para a defesa apresentar justificativa pelo descumprimento de medidas cautelares. Portanto, ele já disse que houve descumprimento de medidas cautelares”, afirmou.
Coelho também rebateu a ideia de que Bolsonaro teria incitado qualquer tipo de desobediência às ordens judiciais. Segundo ele, o ex-presidente apenas expressou o que estava vivendo, sem afrontar as regras que lhe foram impostas.
“Vocês vejam que Bolsonaro não deu entrevista. Ele fez um desabafo da situação que ele estava vivenciando naquele momento”, disse.
O momento mais enfático da fala, no entanto, veio logo depois.
“Então vamos deixar combinado. Se prender, vai ferver! E vai ferver a partir de hoje. Nós podemos e vamos lutar por um novo Brasil”, declarou.
A declaração circulou rapidamente entre apoiadores do ex-presidente e também dentro de grupos que acompanham com preocupação a escalada de decisões monocráticas no Supremo. O temor é de que uma eventual ordem de prisão contra Bolsonaro rompa de vez os limites institucionais e provoque uma crise de grandes proporções.
Para quem acompanha os bastidores de Brasília, o recado de Sebastião Coelho tem peso. Ele já atuou dentro do sistema de Justiça, conhece seus códigos e não costuma falar por impulso. Seu aviso, portanto, não é apenas retórico, é também um termômetro da tensão que se espalha pelo país.