Operação da Polícia Civil cumpre mandado contra funkeiro em condomínio de luxo na Zona Oeste do Rio; artista teria ligações com o Comando Vermelho e shows protegidos por criminosos armados
O relógio ainda marcava as primeiras horas da madrugada quando os agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) bateram à porta do apartamento de Marlon Brandon Coelho Couto, conhecido no mundo do funk como MC Poze do Rodo. A prisão do cantor aconteceu nesta quinta-feira (29), no condomínio de alto padrão onde ele reside, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O motivo: suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas e prática sistemática de apologia ao crime.
Durante a ação, os policiais apreenderam uma série de bens considerados de alto valor, entre eles uma BMW vermelha, avaliada em aproximadamente R$ 1 milhão. Conduzido em silêncio pelas equipes da Polícia Civil, Poze foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte da capital fluminense.
Do lado da defesa, a reação foi imediata.
“Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus”, disse o advogado Fernando Henrique Cardoso Neves, que representa o funkeiro.
As investigações revelam um enredo que se desenrola há meses. Segundo os policiais, MC Poze se apresenta de maneira recorrente em comunidades sob domínio da facção Comando Vermelho (CV), com forte aparato de segurança armado — homens com fuzis, sem qualquer disfarce, fazem a contenção dos eventos. Esses bailes, ainda segundo a DRE, funcionariam como vitrine e instrumento de financiamento do tráfico, alimentando o caixa da facção para a compra de entorpecentes e armamento pesado.
A polícia afirma que o conteúdo das letras cantadas por Poze vai além dos limites da liberdade artística garantida pela Constituição.
Em nota, a DRE declarou que as músicas “extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”.
O cerco se fechou após a divulgação de vídeos de um baile funk em que MC Poze aparece se apresentando em meio a uma plateia formada por homens armados com fuzis. A cena, amplamente compartilhada nas redes sociais, serviu de gatilho para aprofundar a apuração. A operação desta quinta é resultado direto desse processo investigativo.
MC Poze do Rodo é um dos nomes mais populares do funk carioca nos últimos anos, com milhões de seguidores nas redes e forte influência entre jovens das periferias. Mas o perfil explosivo nas redes sociais e as constantes polêmicas envolvendo suas apresentações colocaram o cantor no radar das autoridades.
Agora, com a prisão decretada, o funkeiro terá de responder judicialmente às acusações. Enquanto isso, seu silêncio contrasta com o barulho dos fuzis que, segundo a polícia, garantiam o sucesso de seus shows nas comunidades.


























