O número de mulheres, bebês e crianças de até quatro anos assassinados no Brasil voltou a subir em 2023. A principal ligação entre esses crimes está no local onde ocorrem: o próprio ambiente doméstico.
De acordo com o Atlas da Violência, divulgado nesta segunda-feira (12), o país registrou 3.903 homicídios de mulheres no último ano — uma média de dez por dia. É o maior número desde 2018. Em pelo menos um terço dos casos, os crimes foram classificados como feminicídio.
O cenário também é grave entre os mais novos. As mortes violentas de crianças de até quatro anos cresceram 15,6% em relação ao ano anterior, alcançando a taxa de 1,2 por 100 mil habitantes, o pior índice desde 2020.
O relatório, baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, mostra que o lar continua sendo o espaço mais perigoso para mulheres e crianças. Em 2023, 35% dos assassinatos de mulheres ocorreram dentro de casa. No caso dos bebês e crianças de até quatro anos, esse número sobe para 67,8%. Entre os que têm de 5 a 14 anos, o índice também é alto: 65,9%.
Entre os estados, Roraima teve a maior taxa de homicídios de mulheres no país — 10,4 mortes por 100 mil habitantes. Na sequência aparecem Amazonas, Bahia e Rondônia, todos com taxa de 5,9. Já os estados com os menores índices são São Paulo (1,6), Distrito Federal (2,7) e Santa Catarina (2,8).
A violência doméstica, historicamente ignorada ou tratada de maneira superficial, aparece agora com números que escancaram uma realidade urgente. Para os pesquisadores que assinam o Atlas, entender os dados é o primeiro passo para combater um problema que não se limita à segurança pública — mas que se enraíza no cotidiano de muitas famílias.



























