Ex-desembargador, crítico ferrenho de Alexandre de Moraes, reforça discurso contra o STF e promete assinar pedido de impeachment caso seja eleito
O ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Sebastião Coelho, oficializou nesta terça-feira (10) sua filiação ao partido Novo. Aos 70 anos, o magistrado aposentado confirmou que vai disputar uma vaga no Senado pelo Distrito Federal nas eleições de 2026. A cerimônia de filiação ocorreu em Brasília, ao lado de parlamentares da sigla, e marcou mais um capítulo de sua trajetória marcada por embates com o Supremo Tribunal Federal.
Em discurso direto e sem rodeios, Coelho reafirmou sua disposição de enfrentar o atual cenário político-jurídico do país. Disse que, caso seja eleito, não hesitará em assinar um pedido de impeachment contra ministros do STF.
“A causa pela liberdade e pela Justiça me aproximou de forma definitiva do partido Novo”, declarou.
Não é a primeira vez que o nome de Sebastião Coelho aparece ligado a declarações contundentes contra a Corte. Em 2022, renunciou ao cargo de vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), alegando inconformismo com o comportamento do ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de ultrapassar os limites constitucionais.
“Fez uma declaração de guerra ao país”, afirmou à época, referindo-se a decisões tomadas por Moraes no comando do TSE e do STF durante o processo eleitoral.
A ruptura com o Judiciário foi apenas o começo de uma atuação cada vez mais ativa na arena política. Após a aposentadoria, passou a advogar em defesa de réus envolvidos tanto nos atos de 8 de Janeiro quanto nas investigações sobre a chamada “trama golpista” — o que lhe rendeu apoio de setores conservadores e duras críticas de opositores.
Em março de 2025, protagonizou novo episódio de tensão ao ser detido após interromper, com gritos, uma sessão do STF que analisava denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados. A cena, registrada por câmeras da Corte, viralizou nas redes sociais e dividiu opiniões.
Com a filiação ao Novo, Sebastião Coelho aposta em consolidar sua trajetória como voz dissonante em relação ao sistema que integrou por décadas. O discurso contra o ativismo judicial, a defesa das liberdades individuais e a crítica direta à condução do Judiciário tornam-se, agora, plataforma de campanha.
Na capital federal, onde as disputas ao Senado costumam ganhar contornos nacionais, o anúncio de Coelho antecipa uma eleição polarizada — com personagens conhecidos e pautas espinhosas no centro do debate.