Brasil terá safra recorde de café conilon em 2025, e Espírito Santo puxa o crescimento

A safra brasileira de café em 2025 deve alcançar 55,7 milhões de sacas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa um crescimento de 2,7% em relação ao ano passado e tem como grande destaque o café conilon (Coffea canephora), que registrará um salto histórico de produtividade.

A expectativa é que a produção de conilon chegue a 18,7 milhões de sacas, o maior volume já registrado no país. O avanço é puxado por uma produtividade média de 50,4 sacas por hectare, resultado 28,3% superior ao ciclo anterior.

Já o café arábica, mais sujeito à chamada bienalidade, alternância natural entre um ano de alta e outro de baixa produção, deve apresentar queda de 6,6%, somando 37 milhões de sacas.

Espírito Santo em alta

O Espírito Santo, maior produtor de conilon do Brasil, será protagonista. A estimativa é de uma colheita de 13,1 milhões de sacas, alta de 33,1% em comparação ao ano passado. A produtividade média estadual deve alcançar 50,7 sacas por hectare, crescimento de 35,5% sobre 2024.

Esse resultado supera inclusive a maior safra já registrada no estado, em 2022, quando foram colhidas 12,4 milhões de sacas.

Dados do IBGE reforçam esse cenário: só a produção capixaba de conilon deve bater 808,9 mil toneladas, o equivalente a 13,48 milhões de sacas. Para o arábica, a projeção é de 189,4 mil toneladas (3,16 milhões de sacas).

Manejo e conhecimento técnico: o segredo do conilon

Apesar dos números impressionantes, especialistas alertam que a produtividade só se sustenta quando há manejo adequado.

“O produtor que erra menos, ganha mais. A informação técnica existe e pode ser aplicada sem grandes dificuldades. O que atrapalha é a desinformação, que leva ao manejo errado e, consequentemente, à perda de produtividade”, afirma o engenheiro agrônomo Alex Campanharo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas e pesquisador da Fazenda Experimental da Ufes em São Mateus.

Ele destaca que, ao contrário do arábica, o conilon não sofre com a bienalidade de forma natural. A alternância de safras, segundo o especialista, é consequência de falhas no manejo.

“O que se faz de estrutura vegetativa em um ciclo é o que se colhe no seguinte. Se o produtor não entende isso, terá um ano muito bom e outro ruim. A chamada bienalidade do conilon é fruto de erro humano, não da planta”, reforça.

Avanços genéticos e qualidade da bebida

Campanharo lembra ainda que o Brasil tem se destacado frente a outros países produtores de robusta por conta da tecnificação das lavouras: uso de clones superiores, irrigação planejada, colheita seletiva e atenção ao pós-colheita, o que também tem melhorado a qualidade da bebida.

Pesquisas da Ufes, do Incaper e da Embrapa resultaram em cultivares de conilon adaptados a diferentes condições de solo e clima. Isso dá ao produtor a possibilidade de escolher materiais precoces, médios ou tardios, ajustados à sua realidade.

“Hoje o conilon consegue expressar alto potencial produtivo em praticamente qualquer ambiente. Mas produtividade não é sinônimo automático de rentabilidade. É preciso planejar desde o espaçamento até o ponto ideal da colheita. Grãos mais maduros garantem maior rendimento e retorno econômico”, explica.

Entre os gargalos que ainda limitam a produção, o especialista cita doenças como a fusariose, pragas visíveis como cochonilha e lagarta da roseta, além de problemas de solo, como nematoides.

Para ele, a assistência técnica é decisiva:

“Muitos produtores colocam ali o dinheiro de toda a vida, mas sem saber exatamente o que estão fazendo. Informação e acompanhamento técnico não são gastos, são investimentos para o sucesso”.

Café e pimenta no mesmo palco

Campanharo vai compartilhar sua experiência no evento Empório Pimentas & Cafés, que acontece entre os dias 28 e 30 de agosto, em São Mateus, no Norte capixaba.

Reconhecida nacionalmente como maior produtora de pimenta-do-reino e pimenta-rosa do Brasil, a cidade estreia a feira que deve atrair 25 mil visitantes. Além da exposição agrícola, a programação inclui gastronomia regional, apresentações de forró e moda de viola, eleição da Rainha da Pimenta e do Café e a primeira edição do Fórum Estadual de Especiarias.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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