Em evento do PL Mulher, ex-primeira-dama assume protagonismo político, reforça fidelidade ao marido e adota discurso combativo contra o governo atual
Durante o “Grande Encontro do PL Mulher Nacional”, realizado neste sábado (5), em Brasília, o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, foi direto ao ponto: caso Jair Bolsonaro (PL) esteja impedido de disputar as eleições presidenciais de 2026, a única capaz de derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno seria Michelle Bolsonaro.
“O nosso candidato será Jair Bolsonaro. Se acontecer uma injustiça no Brasil e o impedirem, quem escolhe o candidato não é o partido, é o presidente Bolsonaro, porque é ele quem tem os votos”, declarou Valdemar, ao lado da ex-primeira-dama. “Eu apoio Bolsonaro e quem ele escolher se não for candidato.”
A fala reforça o centro gravitacional que o ex-presidente ainda ocupa dentro do PL e no campo conservador, mesmo fora do mandato. O evento, organizado para ampliar a presença feminina nos quadros políticos do partido, tornou-se palco para sinalizações eleitorais que vão além de 2026.
Michelle, que preside o PL Mulher, adotou tom firme e incisivo. Alfinetou o próprio Valdemar, arrancando aplausos da plateia ao sugerir que ele também entre na disputa eleitoral:
“O presidente Valdemar deveria se candidatar a deputado federal em 2026. A voz do povo é a voz de Deus, viu, presidente?”
O discurso da ex-primeira-dama alternou humor e contundência. Ao comentar o atual cenário político, não poupou críticas ao governo petista e enquadrou a disputa de ideias nos termos morais que mobilizam sua base.
“Hoje só existem dois lados da política brasileira: o do bem e o do mal. Ou você é do lado da morte, ou você é do lado da vida. Não existe ficar em cima do muro”, afirmou.
Michelle também demonstrou confiança absoluta no retorno de Bolsonaro ao Palácio do Planalto:
“Com certeza, Bolsonaro vai voltar em 2026. Não existe democracia sem a candidatura de Jair Messias Bolsonaro em 2026.”
O ex-presidente, por sua vez, participou por vídeo. Segundo aliados, Bolsonaro cumpre repouso domiciliar por conta de uma esofagite intensa e deve permanecer afastado das atividades públicas por pelo menos um mês. Ainda assim, sua presença virtual foi suficiente para reforçar a narrativa de que, ausente ou não, ele continua como o principal nome do campo conservador.
O encontro do PL Mulher vai além de uma simples reunião partidária. É parte de uma estratégia nítida: manter Bolsonaro no centro do debate e, ao mesmo tempo, preparar o terreno para eventuais alternativas. Michelle, com forte apelo junto ao eleitorado evangélico e conservador, desponta como a substituta natural — não apenas pelo vínculo conjugal, mas pela capacidade de mobilização própria que vem demonstrando.
Nos bastidores, outros nomes também circulam. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é considerado viável e tem crescido em pesquisas eleitorais. Mas, por ora, o protagonismo segue com a família Bolsonaro — e a ex-primeira-dama, cada vez mais, deixa o papel coadjuvante para trás.