Durante congresso do PSB, petista elevou o tom contra a oposição e defendeu Alexandre de Moraes diante de ameaças da ala trumpista nos EUA
Aos 79 anos e sob vigilância de aliados por conta da saúde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o palanque do congresso nacional do PSB, neste sábado (25), para enviar um recado direto à oposição. Em um discurso de tom eleitoral antecipado, o petista se disse preparado para enfrentar a “extrema direita” em 2026 — com uma condição: estar fisicamente em condições de campanha.
“Podem ter certeza de uma coisa: se eu estiver bonitão do jeito que estou, apaixonado do jeito que eu estou e motivado do jeito que eu estou, a extrema direita não volta a governar este País nunca mais”, disse Lula, diante de uma plateia formada por militantes, parlamentares e membros da cúpula do PSB, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin.
O episódio recente de saúde, que acendeu o sinal de alerta entre seus assessores mais próximos, voltou a pesar no cálculo político. Em 2024, Lula sofreu uma queda no banheiro e precisou passar por procedimentos para conter um sangramento intracraniano. Embora o governo insista em minimizar o impacto, a possível candidatura à reeleição em 2026 passa diretamente pelo estado físico do presidente.
O alerta de Lula, no entanto, foi além do seu próprio nome nas urnas. Ele dedicou parte relevante do discurso a pedir mobilização da base para as eleições ao Senado — previstas para renovar 54 das 81 cadeiras da Casa em 2026.
Segundo ele, o objetivo de setores bolsonaristas é formar uma “superbancada” para tentar enfraquecer o Supremo Tribunal Federal e, eventualmente, aprovar o impeachment de ministros, com Alexandre de Moraes no centro das investidas.
“Não que a Suprema Corte seja uma maçã doce. Não, é porque precisamos preservar as instituições que garantam a democracia deste País. Se a gente for destruir o que não gosta, não vai sobrar nada”, declarou o presidente, sem citar diretamente os senadores de oposição.
Nos bastidores do Planalto, a movimentação da direita em torno da disputa pelo Senado é vista com atenção. Isso porque a Constituição determina que cabe à Casa Alta processar e julgar ministros do STF em casos de crime de responsabilidade, conforme previsto na Lei 1.079/1950. Até hoje, nenhum ministro da Corte foi alvo de processo dessa natureza.
Lula também saiu em defesa pública de Alexandre de Moraes, que tem sido alvo de duras críticas internacionais, inclusive por parte de integrantes do governo dos Estados Unidos. A ala republicana, alinhada a Donald Trump, reagiu a decisões do magistrado que atingiram plataformas digitais e empresários como Elon Musk, dono da rede X (ex-Twitter).
“Você veja, os Estados Unidos querem processar o Alexandre de Moraes porque ele está querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Ora, que história é essa de os Estados Unidos quererem criticar alguma coisa da Justiça brasileira? Nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, tantas guerras, eu nunca critiquei”, disparou Lula, em tom indignado.
A fala foi uma resposta indireta ao senador republicano Marco Rubio, secretário de Estado no gabinete paralelo de Trump, que afirmou nesta semana ver “grande possibilidade” de Moraes ser alvo de sanções por parte do governo americano.
Com o microfone em mãos por quase uma hora, Lula fez um discurso que misturou memória política, ataque à oposição e recado estratégico à base aliada. A defesa das instituições, no entanto, não escondeu o tom de campanha — nem a centralidade de sua figura no projeto de poder petista.



























