A personagem real que inspirou o filme com Fernanda Montenegro

Socorro Nobre foi a ‘Dora da vida real’ e inspirou personagem de Fernanda Montenegro no filme que virou referência do cinema nacional.

Foto: Divulgação/VideoFilmes

Pergunte a qualquer pessoa quais são os filmes brasileiros mais memoráveis da história, e a probabilidade de “Central do Brasil” estar na lista são altíssimas. Estamos falando do último longa brasileiro indicado ao Oscar de melhor filme internacional (categoria que, na época, ainda se chamava “melhor filme estrangeiro”), que também rendeu uma indicação a Fernanda Montenegro na categoria de melhor atriz. É facilmente uma das histórias mais emocionantes da sétima arte já feitas em nosso país, e o que nem todos sabem é que ela tem base em personagens reais.

Dirigido por Walter Salles, “Central do Brasil” conta a história de Dora (Fernanda Montenegro), uma ex-professora amargurada que ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Ela frequentemente perde a paciência com os seus clientes e embolsa o dinheiro sem sequer postar as cartas. Um dia, Josué (Vinícius de Oliveira), o filho de nove anos de uma de suas clientes, acaba sozinho quando a mãe é morta em um acidente de ônibus. Dora reluta em cuidar do menino, que fica desabrigado e perambulado no local, mas se junta a ele em uma viagem pelo interior do Nordeste em busca do pai de Josué, que ele nunca conheceu.

A história emocionante de Dora e Josué é inspirada na trajetória real de Socorro Nobre –a mulher que, não por acaso, é quem aparece no primeiro frame do longa.

Quem foi Socorro Nobre?

Central do Brasil - Socorro Nobre

Central do Brasil – Socorro Nobre

Foto: Divulgação/VideoFilmes

Maria do Socorro Nobre era uma detenta do presídio feminino na Mata Escura, em Salvador (BA), condenada em 1988 por participação no assassinato do próprio irmão. Sua história ganhou o mundo quando, em 1993, ela escreveu uma carta para o pintor, escultor e fotógrafo polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg. Impressionado com a correspondência, ele mostrou o texto a Walter Salles, quando este rodava o documentário “Frans Krajcberg, o Poeta dos Vestígios”.

Igualmente impressionado, Salles se inspirou para rodar um documentário sobre a troca de correspondências. O filme foi lançado em 1995, com o título “Socorro Nobre”.

O filme, de acordo com a sinopse oficial, trata da correspondência estabelecida entre o artista plástico imigrante da Segunda Guerra Mundial e a presidiária.

“Maria do Socorro Nobre, presidiária, conhece o trabalho do escultor Frans Krajcberg, que faz de sua arte uma meio de luta contra o desmatamento das florestas brasileiras, e passa a trocar cartas com este artista onde externa as expectativas de liberdade e de construção de uma nova vida após cumprir sua pena. Questões como liberdade, respeito e qualidade de vida são discutidas através dos depoimentos de vida dessas duas pessoas tão diferentes que acabaram por estabelecer uma relação de amizade”, diz a descrição do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP.

Conforme recorda o Correio 24 Horas, Walter Salles passou anos após o lançamento do documentário estudando uma forma de tornar a história de Socorro o ponto de partida para um filme de ficção. E “Central do Brasil” vem justamente disso: Socorro, nas horas vagas, escrevia cartas, listas de feiras e bilhetes para as colegas analfabetas da prisão.

“Na prisão, preenchia meu tempo trabalhando na cozinha e fazendo cursos profissionalizantes. Quando sobrava um tempinho, escrevia as cartas das colegas. Minha mãe era analfabeta e sempre me pedia para escrever cartas para nossos parentes”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo publicada em março de 1999.

Socorro, que saiu do presídio em liberdade condicional em 1995, só soube do filme quando os ensaios já estavam começando. Na mesma entrevista à Folha, ela conta que Salles a convidou a ir para o Rio de Janeiro em 1996, sem explicar o motivo. “Quando cheguei lá, os ensaios para as filmagens já haviam começado. Ele me pediu para escrever uma carta, como se fosse para alguém querido que estivesse preso. Eu escrevi. Daí apareceu a Fernanda Montenegro para gravar e ele disse: “Dite a sua carta’. E foi o que eu fiz”, detalhou. O resultado é a primeira cena do longa.

Atualmente, não se sabe o paradeiro de Socorro Nobre. “Central do Brasil” está disponível para streaming na Netflix e no Globoplay.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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