Presidente americano se coloca como mediador direto da guerra e propõe papel de coordenação para Washington
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (18), que já deu início aos preparativos para colocar Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky frente a frente. A reunião, em local ainda a ser definido, seria seguida por uma cúpula trilateral, da qual ele próprio participaria.
“Al concluir las reuniones, llamé al presidente Putin e inicié los preparativos para una reunión, en un lugar a determinar, entre el presidente Putin y el presidente Zelensky” , afirmou Trump, depois de receber Zelensky e líderes europeus na Casa Branca.
“Depois dessa reunião, teremos uma trilateral, na qual participariam os dois presidentes e eu”, acrescentou.
De acordo com o Kremlin, Trump e Putin trataram da ideia por telefone. O conselheiro Yuri Ushakov relatou que os dois líderes “expressaram apoio à continuidade das negociações diretas entre Rússia e Ucrânia” e avaliaram a possibilidade de dar mais peso político às delegações.
Trump também usou sua rede Truth Social para dizer que a Europa poderia oferecer garantias de segurança à Ucrânia, com os Estados Unidos atuando como coordenadores do acordo.
“Na reunião, discutimos sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, sobre quais poderiam oferecer os diferentes países europeus, em coordenação com os Estados Unidos”, escreveu.
Ele ainda mencionou a proposta de Putin, apresentada na semana passada, que falava em “troca de territórios”, incluindo a cessão de Donetsk e Lugansk à Rússia. Kiev, porém, rejeitou a ideia de imediato, considerando-a inconstitucional e inaceitável.
Zelensky fala em “unidade” e cobra garantias de segurança
Zelensky classificou as conversas em Washington como “boas” e “construtivas”. Para ele, o ponto central continua sendo a proteção da Ucrânia e o destino das crianças levadas para fora do país.
“A segurança da Ucrânia depende dos Estados Unidos e dos líderes europeus. Todos nós queremos acabar com a guerra, parar a Rússia e parar a guerra”, disse o presidente, ressaltando o apoio recebido e a “grande unidade” demonstrada entre os aliados.
Zelensky confirmou que está disposto a tratar dos “temas delicados, os territoriais” em uma futura reunião com Putin. Segundo ele, Trump se mostrou aberto a participar desse encontro, desde que Rússia e Ucrânia concordem.
Reação da Europa e da OTAN
Líderes europeus receberam o anúncio com otimismo, mas também com cautela. O chanceler alemão, Friedrich Merz, chamou a reunião em Washington de “frutífera”, embora tenha alertado que “os próximos passos são os mais complexos” e que será necessário um cessar-fogo antes da cúpula.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, agradeceu a Trump por “superar o impasse” nas negociações.
“Temos que parar as mortes. Temos que parar a destruição da infraestrutura ucraniana”, disse.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, descreveu o encontro como “um dia importante” depois de quase três anos sem sinais de diálogo entre Kiev e Moscou. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi além: defendeu que a reunião trilateral se amplie para incluir a União Europeia, por considerar que as garantias de segurança impactam “toda a segurança do continente europeu”.
Já Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, destacou a urgência de “garantir que as crianças regressem à Ucrânia com suas famílias” e falou em “uma paz justa e duradoura”.
O finlandês Alexander Stubb e o britânico Keir Starmer também celebraram os avanços. Para ambos, as últimas semanas trouxeram mais sinais de progresso rumo ao fim da guerra do que todo o período anterior do conflito.