Em Cachoeiro de Itapemirim, o que era para ser apenas um dia comum na maternidade virou um retrato raro de vínculos familiares que se entrelaçam desde o nascimento
O Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (Hifa), em Cachoeiro de Itapemirim, já testemunhou milhares de nascimentos. Mas, nesta quarta-feira (2), as salas da maternidade viraram palco de uma coincidência tão improvável quanto emocionante: dois irmãos se tornaram pais no mesmo dia, no mesmo hospital — e com poucas horas de diferença entre os partos.
Tudo começou com a cesariana marcada de Michele Massante, esposa de Dalton Massante. Do outro lado da família, Lais Massante, casada com Marcos — irmão de Dalton — também aguardava a chegada da filha, mas apenas para o dia 9 de julho. A vida, no entanto, tinha outros planos. Lais entrou em trabalho de parto antes do previsto e foi levada às pressas ao hospital, onde encontrou a cunhada já internada.
Foi ali, entre batimentos apressados e olhares cúmplices, que nasceu Henrique, filho de Michele. Horas depois, foi a vez de Maria Vitória vir ao mundo, filha de Lais. Os dois primos mal abriram os olhos, mas já compartilham uma história que os liga antes mesmo das primeiras palavras.
A coincidência, por si só, já seria memorável. Mas o enredo ganha contornos ainda mais simbólicos quando se descobre que Marcos e Dalton, os irmãos agora pais, também se casaram no mesmo dia — 9 de novembro de 2024 — em uma cerimônia comunitária realizada pela Igreja Católica. São padrinhos um do outro, tanto no casamento quanto agora, nos batizados que já começam a ser planejados em conjunto.
“A experiência foi boa, nada planejado, foi do jeito que Deus quis”, disse Michele, ainda tomada pela emoção da maternidade inesperadamente compartilhada.
“Vamos sim fazer coisas juntos, inclusive o batizado”, completou, com o olhar já voltado para o futuro.

Na maternidade, onde o extraordinário costuma conviver com o cotidiano, até os profissionais de saúde se deixaram levar pela força dessa história. Enfermeiras se emocionaram, médicos registraram o momento com sorrisos e olhares discretos — não era só mais um plantão. Ali, naquela quarta-feira, entre corredores frios e quartos aquecidos pelo choro dos recém-nascidos, nasceu também uma memória que há de atravessar o tempo.
Henrique e Maria Vitória chegaram ao mundo sem pressa, mas com propósito. Tão pequenos, já ensinam que há laços que o sangue explica — e outros que só o amor pode costurar.