O domingo (21) amanheceu diferente em Glendale, no Arizona. Ao redor do State Farm Stadium, as ruas ficaram tomadas por filas intermináveis de pessoas que se deslocaram para prestar a última homenagem a Charlie Kirk. O fundador da Turning Point, morto a tiros no último dia 10 durante um debate na Utah Valley University, tinha apenas 31 anos, mas já era uma das vozes mais conhecidas do conservadorismo americano.
O culto de despedida recebeu o nome de “Construindo um Legado: Homenagem a Charlie Kirk” e contou com momentos de louvor conduzidos por nomes de referência da música cristã, como Kari Jobe, Brandon Lake e Phil Wickham. A cerimônia também teve a presença de lideranças políticas, entre elas o presidente Donald Trump, que fez questão de estar no local.
Atendendo ao pedido da convocatória, a multidão foi vestida com trajes patrióticos, vermelho, branco e azul, ou com o que chamam de “melhor roupa de domingo”. Muitos chegaram ainda de madrugada para garantir um lugar e dar o último adeus.
Jake, estudante de 21 anos da Universidade Estadual do Arizona, foi um deles. Às 4h já estava na fila, carregando na memória a lembrança de quando participou de um evento organizado por Kirk, no ano anterior.
“Fico muito triste e com muita raiva ao ver no que o mundo se transformou”, disse, emocionado.
Ele contou que a força de Kirk estava em sua capacidade de unir jovens em torno de ideias firmes.
“Foi muito inspirador e interessante, nunca tinha visto tanta gente unida por uma causa”, afirmou. Entre os pontos que mais o marcaram, destacou a defesa da vida e a posição clara contra o aborto.
Criador da Turning Point aos 18 anos, Kirk construiu rapidamente uma plataforma que ganhou espaço nas universidades e se espalhou pelo país. Seu discurso valorizava a liberdade individual, o livre mercado, a limitação do poder estatal e os princípios cristãos, uma combinação que mobilizou milhares de jovens.
“Sempre disposto a debater”
Sydney, de 56 anos, viajou de Tucson para se despedir de Kirk. Para ela, a presença no funeral era também um gesto de gratidão.
“Era uma voz da razão, sempre calmo e disposto a debater”, afirmou.
A americana lamentou a divisão crescente no país e contou que até amizades perdeu por causa da política.
“Às vezes sinto que tenho que esconder o que penso. Entendo a diferença de opiniões, mas estamos em pontos tão diferentes que parece que não há mais senso comum e nem sei como superar isso, e parece que Kirk estava tentando”, comentou.
O adeus a Charlie Kirk não foi apenas a despedida de um líder político. Foi também a celebração de um legado que, para muitos, permanece vivo: o de um jovem que acreditava na defesa da fé, da pátria e da liberdade como pilares que não podem ser negociados.