Jovem com a ‘pior dor do mundo’ reconsidera eutanásia e é diagnosticada com nova doença

A jovem brasileira Carolina Arruda, de 28 anos, sofre com uma doença rara que afeta o nervo responsável pela mastigação e sensibilidade: a neuralgia do trigêmeo, causadora da ‘pior do mundo’, que vai desde o topo da cabeça, atinge todo o rosto, além da boca e da língua. Devido ao insucesso de combater a dor nos últimos meses, ela disse que reconsidera a possibilidade de realizar eutanásia, método de suicídio assistido.

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“Eu tinha deixado essa ideia [de eutanásia] em stand-by até que se esgotasse todas as possibilidade de tratamento que eu poderia fazer para me ajudar a vivem ser dor. Mas, mesmo depois de seis cirurgias e inúmeros tratamentos alternativos, a dor continua”, ressalta, em um vídeo compartilhado nas suas redes sociais no dia 2 de fevereiro.

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Cerca de uma semana depois, a jovem que informou que foi diagnosticada com uma doença autoimune: a espondilartrite axial — ou espondilite anquilosante, também conhecida pela sigla EA.

“Essa doença responde todas as dores do corpo, nas articulações, que eu sinto, além de causar a limitação dos meus movimentos. Fazia anos que eu buscava uma resposta para a minha perda de movimentos. Agora, finalmente, posso começar o tratamento com imunobiológicos”, ressalta Carolina, em um vídeo compartilhando sua rotina médica nas redes sociais.

A espondilite é uma doença inflamatória crônica (sem cura) que afeta a coluna vertebral e causa limitação nos movimentos e dores, como descreveu Carolina, sendo mais comum em pessoas com até 45 anos, segundo o Ministério da Saúde.

Ilustração representando a a espondilite anquilosante | Wiki

De acordo com o reumatologista Leandro Finotti, a terapia biológica descrita pela jovem se mostrou, a partir de estudos de exames de imagem, eficaz em reduzir dor, melhorar a função física e a fadiga para os pacientes com a doença.

A progressão do quadro ao longo dos anos e, sobretudo nos últimos meses, piorou as dores de Carolina. Ela é diferente do que a neuralgia do trigêmeo, diagnosticada na jovem anteriormente (veja mais detalhes abaixo).

Relembre a história de Carolina

“A rotina com a ‘maior dor do mundo’ começou. São duas doses de morfina tomadas antes de ir para o hospital e esperar ser atendida por um médico que entenda da minha doença”, disse Carolina, em um dos vídeos divulgados no Tik Tok, em julho do ano passado.

Por isso, a estudante de veterinária, que recebeu o diagnóstico há 10 anos e compartilha em suas redes sociais a rotina com a doença, anunciou na ocasião o seu interesse em realizar eutanásia, ou suicídio assistido.

Por isso, para atingir esse objetivo, Arruda, que mora em Bambuí, no interior de Minas Gerais, chegou a criar uma vaquinha online para arrecadar dinheiro suficiente para arcar com os custos da viagem para o exterior e do procedimento, que não é permitido no Brasil.

Após anunciar a possibilidade de reconsiderar a eutanásia e informar que está com espondilite anquilosante, a jovem relatou em story publicado no Instagram uma melhora em seu estado de saúde, neste domingo (10).

“Nesses últimos dias, eu consegui descansar muito. Eu estava realmente precisando disso. Aquela sudorese excessiva e calafrios diminuíram muito, eu estou muito aliviada em conseguir dormir”, relatou.

O que é eutanásia?

A palavra eutanásia significa “boa morte”, e vem do grego “eu” (bem) e “thanásia” (morte) e ainda é um debate controverso, que divide opiniões entre os especialistas da área médica e jurídica do país e do mundo.

Apesar não ser tipificado como crime no Código Penal brasileiro, a pessoa responsável que realizar o método pode responder por homicídio doloso, segundo a advogada Daniela Vespucci, com a pena de até 20 anos de reclusão.

No entanto, há uma resolução publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2012, que permite a ortotanásia e autoriza o médico (mediante autorização de familiares ou do próprio paciente) a limitar ou suspender tratamentos, em caso de doença grave sem possibilidades de cura.

O que causa a neuralgia do trigêmeo?

Ela é descrita como choque, facada ou pontada no rosto e o paciente pode apresentar de 10 a 50 episódios por dia, segundo o médico especializado em dor, Bruno Miranda.

Ponto em azul representando a perturbação do nervo trigêmeo | Wiki
Ponto em azul representando a perturbação do nervo trigêmeo | Wiki

De acordo com a Rede D’Or São Luiz, a condição é causada após o deslocamento de uma artéria, seja por aneurisma ou outras causas, que acaba comprimindo o nervo do trigêmeo e a dor, geralmente, é desencadeada por um estímulo sensorial. É mais comum que, no caso de pessoas mais jovens, seja uma consequência de uma lesão nervosa causada pela esclerose múltipla.

Após o diagnóstico, a dor inicia-se apenas pelo toque em um ponto específico (um “ponto gatilho”) da face, dos lábios ou da língua ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar e é mais comum em mulheres e pacientes acima de 40 anos.

Primeiros sintomas e sinais de atenção

Geralmente, o primeiro sintoma da neuralgia é uma forte pontada facial, que pode aparecer de forma súbita. A crise dura poucos segundos, mas costuma surgir de novo, instantes depois. A doença é detectada pela ressonância de crânio (RMC)

É possível tratar?

Como é uma doença sem cura, geralmente a conduta é o tratamento da dor. Há também abordagens cirúrgicas e percutâneas, que são intervenções minimante invasivas feitas sob orientação de raio-x.

Buscas por Eutanásia cresceram no Google Brasil

O interesse de busca pelo assunto Eutanásia está com tendência de alta no Google Brasil, na comparação com os últimos 30 dias. Os dados são do Google Trends.

Interesse de busca por Eutanásia no Google Brasil | Reprodução/Google Trends
Interesse de busca por Eutanásia no Google Brasil | Reprodução/Google Trends

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

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Capacitação

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Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

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O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

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Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

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