Proposta quer coibir simulações com réplicas hiper-realistas de bebês que vêm gerando tumulto em unidades de saúde e distorcendo o acesso a serviços públicos
Um grupo de parlamentares do PL está em movimento para endurecer as regras de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) diante de um fenômeno, no mínimo, inusitado: o uso de bonecos “reborn” — réplicas quase perfeitas de recém-nascidos — por mulheres que tentam se beneficiar de atendimentos prioritários e serviços de emergência.
O caso, que tem se repetido em diferentes cidades do país, acendeu um alerta entre deputados da base conservadora. A estratégia, segundo relatos recebidos por parlamentares, envolve simulações em salas de espera, filas e até chamadas de emergência. Há registros de atendimentos paralisados por conta da confusão causada com os bonecos.
A reação não tardou. Parlamentares da bancada estão elaborando um projeto de lei que permita a aplicação de multas e punições administrativas a quem utilizar de forma indevida os equipamentos públicos de saúde — especialmente em casos de simulação com os “reborns”.
“Não se trata de julgamento pessoal. O problema é quando uma ação como essa passa a interferir no bom funcionamento do sistema de saúde pública. O SUS é para quem precisa de verdade”, disse um dos articuladores da proposta, em condição de anonimato.
A proposta ainda está em fase de redação, mas já conta com o apoio de membros da Frente Parlamentar da Saúde e de deputados da oposição, tanto no Congresso Nacional quanto em assembleias legislativas estaduais. A medida tem como base um princípio claro: resguardar a integridade dos atendimentos reais e impedir que situações absurdas desviem recursos, tempo e atenção das equipes médicas.
A polêmica tomou corpo nas redes sociais nos últimos meses. Em Curitiba, por exemplo, a prefeitura se viu obrigada a se manifestar oficialmente, após registros de confusão em terminais de ônibus e unidades de saúde. Em tom bem-humorado, mas direto, a nota publicada dizia: “Reborns são fofos, mas não garantem lugar no amarelinho”, numa referência aos assentos preferenciais destinados a gestantes e pessoas com crianças de colo.
Por trás da excentricidade, um tema sério: a banalização de um serviço público essencial em nome de caprichos individuais — e o risco real de prejudicar quem, de fato, precisa de cuidado imediato. A proposta em discussão não pretende invadir a esfera privada ou questionar motivações pessoais. Mas quando o comportamento compromete o bom funcionamento do SUS, o limite precisa ser traçado.