O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou nesta quinta-feira (18) um novo passo na investigação sobre fraudes em aposentadorias e pensões. A comissão decidiu concentrar esforços em depoimentos-chave, informações já obtidas por meio de quebras de sigilo e decisões judiciais que dão mais fôlego ao trabalho dos parlamentares.
Segundo Viana, a determinação do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi um divisor de águas. A decisão obrigou testemunhas convocadas pela comissão a comparecerem, acabando com a prática de simplesmente faltar às sessões.
“Essa decisão fortalece o trabalho da comissão. Testemunhas não podem mais se esconder atrás da ausência”, disse o senador.
Entre os investigados mais conhecidos estão o “Careca do INSS” e o empresário Maurício Camisotti, ambos presos. Mesmo assim, por estarem detidos, não são obrigados a depor.
Quem esteve presente na reunião desta quinta foi o advogado Nelson Willians Rodrigues. Após uma breve fala inicial, optou pelo silêncio. A postura gerou reação imediata do relator Alfredo Gaspar (União-AL), que apontou a movimentação de mais de R$ 4 bilhões em contas ligadas ao advogado e lembrou que ele exibia vida de luxo nas redes sociais.
“O silêncio dele só reforça sua posição como alvo central da apuração”, afirmou Gaspar.
Viana, por sua vez, garantiu que o relatório da comissão será construído com base em provas já reunidas, mesmo que depoentes insistam em não colaborar.
“É um quebra-cabeça. Cada quebra de sigilo, cada documento, cada depoimento colabora para a verdade que estamos montando”, disse o presidente da CPMI.
A comissão também aprovou 179 novos requerimentos. A lista inclui o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho; o advogado-geral da União, Jorge Messias; e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. O STF ainda deverá informar se políticos foram citados nos relatórios da Polícia Federal.
O clima no colegiado é de endurecimento. Depois de semanas de manobras e silêncios, a CPMI aposta em medidas que limitam a margem de fuga dos investigados e prometem dar um ritmo mais acelerado à investigação.