CPI das Bets: Virginia Fonseca, Deolane e mais 14 são indiciados

Influenciadoras, empresários e operadores do mercado de apostas digitais são acusados de integrar um esquema que envolve jogo ilegal, contratos escusos e prejuízo aos consumidores

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI das Apostas Esportivas — apelidada de CPI das Bets —, apresentou nesta terça-feira (10) o relatório final da comissão com pedidos de indiciamento contra 16 pessoas. A lista inclui influenciadores famosos como Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, empresários ligados a plataformas de apostas e operadores suspeitos de movimentações financeiras atípicas.

Entre os crimes apontados estão estelionato, lavagem de dinheiro, falso testemunho, publicidade enganosa e exploração de jogos de azar. O relatório será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que poderá dar início a investigações criminais formais com base nas evidências reunidas pela comissão.

Apesar do encerramento formal dos trabalhos, a CPI chegou à reta final esvaziada. Faltaram quórum, engajamento dos parlamentares e foco. A sessão desta terça teve cadeiras vazias no plenário e clima protocolar.

A crítica de Motta foi direta: o julgamento ocorreu em ambiente virtual e sem a participação do plenário completo da Corte, o que, segundo ele, fere o equilíbrio entre os poderes.

“Não acho razoável que a decisão de um Poder seja desfeita por uma parte do outro Poder, numa sessão virtual. Eu acho que o razoável é o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir sobre o assunto”, disse o parlamentar.

Durante as oitivas, uma testemunha acusada de ser laranja no esquema foi presa em flagrante por falso testemunho. A detenção, no entanto, foi relaxada ainda no mesmo dia. A CPI também tentou dar visibilidade ao convocar figuras populares da internet — sem grande efeito prático. Os depoimentos de Virgínia Fonseca e Deolane, por exemplo, acabaram servindo mais como combustível para críticas à condução dos trabalhos do que como material para avanço da investigação.

O relatório afirma que Virgínia promoveu casas de apostas por meio de contas-demo, simulando ganhos irreais para os seguidores. Segundo o documento, ela foi contratada pela empresa Esportes da Sorte em um modelo de remuneração que variava conforme o lucro líquido da plataforma gerado por seus seguidores — ou seja, quanto mais os apostadores perdiam, mais ela lucrava.

Já Deolane Bezerra foi apontada como sócia da empresa Zeroumbet e responsável por divulgar conteúdos relacionados ao jogo ilegal. Também foram identificadas transações de valores elevados sem origem comprovada, indícios de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A seguir, os nomes incluídos no relatório, com os respectivos crimes atribuídos:

1. Adélia de Jesus Soares – Lavagem de dinheiro e organização criminosa
2. Daniel Pardim Tavares Gonçalves – Falso testemunho, lavagem de dinheiro e organização criminosa
3. Deolane Bezerra dos Santos – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
4. Ana Beatriz Scipiao Barros – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
5. Jair Machado Junior – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
6. José Daniel Carvalho Saturnino – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
7. Leila Pardim Tavares Lima – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
8. Marcella Ferraz de Oliveira – Jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
9. Virgínia Fonseca Serrão Costa – Publicidade enganosa e estelionato
10. Pâmela de Souza Drudi – Publicidade enganosa e estelionato
11. Erlan Ribeiro Lima Oliveira – Lavagem de dinheiro e associação criminosa
12. Fernando Oliveira Lima (Fernandin OIG) – Lavagem de dinheiro e associação criminosa
13. Toni Macedo da Silveira Rodrigues – Lavagem de dinheiro e associação criminosa
14. Marcus Vinicius de Lima e Silva – Lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e tráfico de influência
15. Jorge Barbosa Dias – Lavagem de dinheiro
16. Bruno Viana Rodrigues – Lavagem de dinheiro, organização criminosa e jogo ilegal

Apesar das acusações, o relatório ainda precisará ser avaliado por órgãos externos para que as apurações avancem. O trabalho da CPI termina oficialmente com o envio da documentação, mas seu legado político — ou a ausência dele — será medido nos próximos meses, à medida que o Ministério Público e a Justiça decidirem se haverá ou não denúncia formal contra os envolvidos.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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