Deputado é acusado de usar o mandato fora do país para apoiar tarifas americanas e atacar ministros do STF
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu nesta sexta-feira (15) destravar quatro pedidos de cassação contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Três foram apresentados pelo PT e um pelo Psol. As representações estavam paradas na Mesa Diretora e agora seguem para o Conselho de Ética.
Os partidos acusam o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro de quebra de decoro. A alegação é que Eduardo teria se alinhado a medidas do governo Donald Trump, como tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de defender sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O líder petista Lindbergh Farias (RJ) foi direto ao tratar do caso.
“Não se trata apenas de ausência física, mas de um uso político do mandato a partir do exterior para atacar a democracia e a soberania nacional, com grave prejuízo à imagem do Parlamento e aos cofres públicos. É dever da Mesa agir para impedir a malversação de recursos públicos e para proteger o erário, com fundamento nos princípios constitucionais da moralidade e eficiência (artigo 37 da Constituição)”, disse o deputado.
Na véspera, Motta também se pronunciou. Para ele, Eduardo ultrapassou os limites do que se espera de um parlamentar.
“O deputado pode ter sua opinião sobre o julgamento no Supremo contra o seu pai, mas não pode agir contra o país, prejudicando empresas e a economia. Isso é incompatível com o exercício parlamentar”, afirmou.
O presidente da Câmara já adiantou que não cogita autorizar Eduardo a manter o mandato à distância, mesmo vivendo fora do Brasil.
“Isso seria uma excepcionalidade, o que não se justifica para o momento”, disse Motta, em entrevista exclusiva na semana passada.