O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

Discussões internas no governo Trump apontam Gilmar Mendes e Flávio Dino como possíveis novos alvos de punições ligadas ao apoio a Alexandre de Moraes

Em Washington, cresce a movimentação para estender a Lei Magnitsky a novos nomes do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo menos dois ministros já circulam em relatórios que chegaram ao governo de Donald Trump: Gilmar Mendes e Flávio Dino. A análise é de que os precedentes abertos contra Alexandre de Moraes pavimentaram o caminho para que outros magistrados próximos a ele passem a ser questionados.

Fontes ligadas ao Tesouro americano afirmam que a interpretação do secretário Scott Bessent é clara: quem respalda as ações de Moraes estaria endossando o que ele classifica como violações de direitos humanos. É nesse raciocínio que se encaixam Mendes e Dino, ambos críticos às sanções impostas pelos EUA ao relator dos inquéritos da tentativa de golpe. Ainda assim, os próprios interlocutores reconhecem que o processo pode se arrastar por meses antes de qualquer decisão final.

As medidas contra Moraes já mostraram que não se tratam de simples recados diplomáticos. Além de incluir sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes, na lista de sanções, o governo americano revogou o visto de sete autoridades brasileiras, entre elas o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves.

O tema chegou à pauta de um café da manhã em Brasília, quando o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, foi questionado por jornalistas. Barroso disse esperar uma conversa direta entre Lula e Trump antes que a Corte defina como reagir. Segundo ele, qualquer resposta institucional, seja política ou até jurídica, só deve ocorrer após o fim do julgamento da tentativa de golpe.

A ofensiva americana gerou reação imediata de Moraes, em tom firme. Para o ministro, as sanções não apenas contrariam a tradição dos EUA em relação à lei e aos direitos fundamentais, mas também ferem o Direito Internacional, a soberania brasileira e a independência do Judiciário.

“Independência do Judiciário, coragem institucional e defesa à soberania nacional fazem parte do universo republicano dos juízes brasileiros, que não aceitarão coações ou obstruções no exercício de sua missão constitucional conferida soberanamente pelo povo brasileiro”, disse Moraes.

E completou:

“As instituições brasileiras são fortes e sólidas. O caminho é o respeito à Constituição, não havendo possibilidade constitucional de impunidade, omissão ou covarde apaziguamento. Como integrante do Supremo Tribunal Federal, continuarei a cumprir minha missão constitucional de julgar com independência e imparcialidade”.

Os Estados Unidos decidiram cancelar o visto de Benedito Gonçalves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ex-corregedor-geral da Justiça Eleitoral. Foi ele quem relatou as ações que levaram à inelegibilidade de Jair Bolsonaro por oito anos. A decisão foi confirmada pela agência Reuters.

A medida não se restringiu a Gonçalves. Também tiveram seus vistos revogados o ex-procurador-geral da República José Levi, o juiz auxiliar do STF Airton Vieira, o ex-assessor do TSE Marco Antonio Martin Vargas e o assessor judicial Rafael Henrique Janela Tamai Rocha.

Até agora, o governo americano não explicou publicamente os motivos do cancelamento. O Departamento de Estado, responsável pela política de vistos, não costuma comentar casos individuais.

Messias reage: “Agressão injusta”

Entre os atingidos também está Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU). Em nota divulgada nesta segunda-feira (22) no X, ele classificou a medida como arbitrária e contrária à tradição diplomática entre Brasil e Estados Unidos.

“Diante desta agressão injusta, reafirmo meu integral compromisso com a independência constitucional do nosso Sistema de Justiça e recebo sem receios a medida especificamente contra mim dirigida”, disse Messias.

O ministro ainda acusou Washington de romper com dois séculos de diálogo bilateral.

“As mais recentes medidas aplicadas pelo governo dos EUA contra autoridades brasileiras e familiares agravam um desarrazoado conjunto de ações unilaterais, totalmente incompatíveis com a pacífica e harmoniosa condução de relações diplomáticas e econômicas edificadas ao longo de 200 anos entre os dois países”, escreveu.

Na mesma mensagem, concluiu:

“Continuarei a desempenhar com vigor e consciência as minhas funções em nome e em favor do povo brasileiro.”

A chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Nova Iorque, neste domingo (21), foi marcada por protestos barulhentos. Logo que o carro presidencial se aproximou da residência do embaixador Sérgio Danese, onde Lula ficará hospedado até a abertura da Assembleia Geral da ONU, um grupo de brasileiros iniciou uma série de vaias e gritos de ordem.

De trás das barreiras montadas pelo Serviço Secreto americano, a cerca de 35 metros da entrada do prédio, os manifestantes gritavam palavras duras:

“Lula, ladrão, o seu lugar é na prisão”“Aqui não é Lula, aqui é Trump” e “Lula, cachaceiro, devolve o meu dinheiro”.

Janja da Silva, primeira-dama, também foi alvo de xingamentos.

Do outro lado, havia apenas três apoiadores do presidente. Com cartazes pedindo “sem anistia”, eles acabaram isolados em posição oposta, seguindo orientação da segurança dos Estados Unidos. A cena deixou evidente o contraste: um punhado de simpatizantes diante de um grupo ruidoso de opositores.

Lula permanece na cidade até terça-feira (23), quando abre oficialmente a Assembleia Geral da ONU com seu discurso. Não há previsão de encontro com o ex-presidente Donald Trump, embora o nome do republicano tenha surgido repetidamente nos gritos dos manifestantes que fizeram questão de lembrar: “Aqui é Trump”.

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (21) a extensão das sanções da Lei Global Magnitsky à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e ao Instituto Lex, organização jurídica com vínculos familiares.

A medida, publicada no site do Departamento do Tesouro americano, bloqueia todos os bens de Viviane nos Estados Unidos e impede a movimentação de qualquer empresa ligada a ela. O próprio ministro Moraes já havia sido alvo de sanções em 30 de julho.

O Instituto Lex, sediado em São Paulo, atua na formação e capacitação de profissionais do Direito, oferecendo serviços voltados ao desenvolvimento jurídico. A extensão das sanções indica que outras autoridades e setores no Brasil podem ser atingidos futuramente.

Viviane Barci de Moraes, formada em Direito pela Universidade Paulista (UNIP), comanda o escritório do Lex em São Paulo, onde dois de seus três filhos, fruto do casamento com Moraes, são sócios. Entre os clientes da banca está o Banco Master, que enfrentou críticas por usar o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir dívidas enquanto adotava políticas agressivas de captação de recursos.

A Lei Magnitsky recebeu o nome de Sergei Magnitsky, advogado tributário russo que denunciou uma fraude bilionária cometida por altos funcionários do Ministério do Interior da Rússia e morreu em 2009. Ele atuava para o fundo Hermitage Capital Management, fundado pelo americano William Browder e pelo brasileiro Edmond Safra.

Para que alguém seja retirado da lista de sanções, é preciso provar que não participou das condutas que motivaram a penalidade, que já tenha sido julgada ou que tenha demonstrado mudança significativa de comportamento.

O domingo (21) amanheceu diferente em Glendale, no Arizona. Ao redor do State Farm Stadium, as ruas ficaram tomadas por filas intermináveis de pessoas que se deslocaram para prestar a última homenagem a Charlie Kirk. O fundador da Turning Point, morto a tiros no último dia 10 durante um debate na Utah Valley University, tinha apenas 31 anos, mas já era uma das vozes mais conhecidas do conservadorismo americano.

O culto de despedida recebeu o nome de “Construindo um Legado: Homenagem a Charlie Kirk” e contou com momentos de louvor conduzidos por nomes de referência da música cristã, como Kari Jobe, Brandon Lake e Phil Wickham. A cerimônia também teve a presença de lideranças políticas, entre elas o presidente Donald Trump, que fez questão de estar no local.

Atendendo ao pedido da convocatória, a multidão foi vestida com trajes patrióticos, vermelho, branco e azul, ou com o que chamam de “melhor roupa de domingo”. Muitos chegaram ainda de madrugada para garantir um lugar e dar o último adeus.

Jake, estudante de 21 anos da Universidade Estadual do Arizona, foi um deles. Às 4h já estava na fila, carregando na memória a lembrança de quando participou de um evento organizado por Kirk, no ano anterior.

“Fico muito triste e com muita raiva ao ver no que o mundo se transformou”, disse, emocionado.

Ele contou que a força de Kirk estava em sua capacidade de unir jovens em torno de ideias firmes.

“Foi muito inspirador e interessante, nunca tinha visto tanta gente unida por uma causa”
, afirmou. Entre os pontos que mais o marcaram, destacou a defesa da vida e a posição clara contra o aborto.

Criador da Turning Point aos 18 anos, Kirk construiu rapidamente uma plataforma que ganhou espaço nas universidades e se espalhou pelo país. Seu discurso valorizava a liberdade individual, o livre mercado, a limitação do poder estatal e os princípios cristãos, uma combinação que mobilizou milhares de jovens.

“Sempre disposto a debater”

Sydney, de 56 anos, viajou de Tucson para se despedir de Kirk. Para ela, a presença no funeral era também um gesto de gratidão.

“Era uma voz da razão, sempre calmo e disposto a debater”, afirmou.

A americana lamentou a divisão crescente no país e contou que até amizades perdeu por causa da política.

“Às vezes sinto que tenho que esconder o que penso. Entendo a diferença de opiniões, mas estamos em pontos tão diferentes que parece que não há mais senso comum e nem sei como superar isso, e parece que Kirk estava tentando
”, comentou.

O adeus a Charlie Kirk não foi apenas a despedida de um líder político. Foi também a celebração de um legado que, para muitos, permanece vivo: o de um jovem que acreditava na defesa da fé, da pátria e da liberdade como pilares que não podem ser negociados.

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