Alessandra Calegario, Psicóloga

Hoje é Dia do Psicólogo. Uma data que, em um país que insiste em romantizar o sofrimento e medicalizar qualquer desconforto, deveria ser de celebração, mas acaba sendo quase um lembrete: sim, saúde mental existe, e sim, precisa ser cuidada.

O psicólogo é o profissional que transita entre a ciência e a humanidade. Nossa função não é dar “conselho de amigo”, nem “puxar papo de café”. Trabalhamos com evidências, com técnicas, com teorias que foram construídas e testadas ao longo de décadas. Somos a peça que muitas vezes impede que a dor silenciosa se transforme em tragédia.

Na neuropsicologia, a coisa fica ainda mais clara: avaliamos funções cognitivas, memória, atenção, linguagem. Traduzindo: entendemos como o cérebro, essa máquina complexa e maravilhosa, funciona quando tudo vai bem, e quando dá pane. Sem esse olhar, diagnósticos seriam incompletos, tratamentos seriam ineficazes, famílias viveriam no escuro.

Mas apesar de tudo isso, quantas vezes ouvimos:
“Ah, mas psicólogo é só pra quem tá louco.”
“Mas eu já converso com meus amigos, não preciso de terapia.”
Ou ainda o clássico:
“Psicólogo não resolve nada, é só enrolação.”

Deixe-me ser clara: psicologia não é luxo, não é frescura e não é opcional. É saúde. Assim como você vai ao cardiologista para cuidar do coração ou ao ortopedista quando quebra uma perna, o psicólogo existe para cuidar da sua mente e das suas relações.

E vou além: em um mundo adoecido por pressa, produtividade tóxica e relações superficiais, o psicólogo é quase um ato de resistência. Resistência ao vazio, ao descaso e ao adoecimento silencioso.

Hoje, mais do que flores e parabéns, nós psicólogos merecemos algo simples: respeito à nossa ciência e reconhecimento do nosso papel social. Porque, gostem ou não, a verdade é que sem psicologia não há saúde completa, há só sobrevivência.

E sobreviver, convenhamos, é muito pouco para quem nasceu para viver plenamente.

Alessandra Calegario, Psicóloga

Não é sobre a chupeta. É sobre o que ela representa.
A recente “tendência” de adultos usando chupeta para aliviar a ansiedade é apenas a ponta de um iceberg muito mais profundo: a infantilização da vida adulta.

Enquanto crianças são empurradas precocemente para um universo adulto, sexualizadas em redes sociais, expostas a discussões sobre relacionamentos, pressionadas a opinar sobre política e a lidar com expectativas emocionais que não cabem na idade delas, adultos, por outro lado, buscam refúgio em comportamentos regressivos, símbolos da infância e práticas que evitam encarar a realidade.

Não se trata de “cada um com suas manias”. Vemos um padrão preocupante aqui:

A fuga da responsabilidade. Assumir o papel de adulto implica em decisões, frustrações e tolerância à incerteza. Regredir a comportamentos infantis é uma maneira de adiar o inevitável.

Buscar conforto imediato em vez de cultivar autorregulação emocional madura, recorrer a objetos e hábitos que oferecem alívio rápido e simbólico já é uma marca desta geração.

Erosão de papéis sociais: quando as fronteiras entre infância e vida adulta se desfocam, perde-se a noção de etapas de desenvolvimento, e a cultura passa a celebrar a imaturidade como “estilo de vida”.

Na psicanálise, a regressão é um mecanismo de defesa que, em alguns contextos, pode ser temporariamente útil. Mas, quando se torna um modo crônico de estar no mundo, indica estagnação emocional. Em termos sociológicos, é sintoma de uma geração que se sente sobrecarregada, mas que também não foi treinada a suportar desconforto sem anestesias instantâneas.

O problema vai além de modas esdrúxulas. Uma sociedade que foge da maturidade e evita crescer perde sua capacidade de sustentar valores, assumir compromissos e enfrentar crises com resiliência.
Se a vida adulta for constantemente terceirizada para mecanismos infantis, estamos entregando o volante da cultura a quem prefere permanecer no banco de trás, olhando o mundo pela janela com uma chupeta na boca.

E, no fim, não é a chupeta que assusta. É o que estamos dispostos a perder para não encarar o peso de ser adulto. A responsabilidade da adultez tem assustado muita gente que insiste, veementemente, em ficar no mundo do Peter Pan. Será essa a geração final? Se você tem medo de adultos fortes, não sabe o que adultos fracos são capazes de fazer.

Na vida pastoral, há um peso silencioso: a autocrítica e a cobrança incessante para ser o “melhor”. A Bíblia nos lembra que devemos ter a mente renovada em Cristo, mas isso não nos torna Deus. Se até Jesus sofreu na carne enquanto esteve na Terra, imagine os líderes que O seguem.

O problema é que muitos fiéis esperam que pastores e líderes sejam indefectíveis, como se fraqueza fosse pecado e vulnerabilidade fosse falta de fé. Mas a própria Escritura mostra o contrário: somos vasos de barro nas mãos do Oleiro, frágeis por natureza, mas carregando um conteúdo precioso.

Davi, Elias, Jeremias e tantos outros servos viveram dores profundas, crises e até momentos de exaustão. E, ainda assim, foram usados por Deus. A depressão não apaga o chamado, mas lembra que líderes também precisam de cuidado.

A saúde mental no ministério não é luxo, é sobrevivência. Buscar apoio médico, psicológico e espiritual não enfraquece a fé, fortalece. Porque, no Reino, coragem não é fingir que está tudo bem, mas reconhecer que, mesmo quebrados, Deus continua nos moldando. Afinal… somos vasos de barro nas mãos do Oleiro.

Artigo escrito por: Alessandra Calegario, Psicóloga

Campanha nacional chega a 2025 com o desafio de despertar, nas ruas e consciências, o peso real dos números que o Brasil ainda insiste em naturalizar

No Brasil, morrer no trânsito virou quase uma estatística diária. São mais de 90 vidas perdidas por dia em acidentes que, em sua esmagadora maioria, poderiam ter sido evitados. Não se trata de fatalidades, mas de falhas humanas — distração ao volante, excesso de velocidade, imprudência, desrespeito à sinalização. É nesse cenário que ganha sentido o Maio Amarelo, movimento que há mais de uma década busca romper a anestesia social diante dessa tragédia silenciosa.

Neste ano, o tema proposto pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) é direto: “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”. A escolha das palavras não é casual. A campanha de 2025 quer devolver o protagonismo às pessoas — não apenas como vítimas ou números, mas como agentes de transformação.

A cor amarela, que simboliza atenção no trânsito, ilumina neste mês não só fachadas de prédios e monumentos públicos. Ela é também um chamado simbólico, um lembrete de que cada decisão tomada atrás de um volante, sobre duas rodas ou mesmo a pé, carrega consequências que vão além do indivíduo.

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 33 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil apenas em 2022. Isso sem contar os mais de 250 mil feridos que sobreviveram, muitos com sequelas permanentes. O impacto vai muito além do drama pessoal: representa uma sangria nos cofres públicos — com estimativas que superam R$ 50 bilhões por ano em custos diretos e indiretos — e uma devastação invisível nas famílias atingidas.

A coordenadora de educação do ONSV, Viviane Fonseca, resume o propósito da campanha:

“A ideia é humanizar o trânsito. Mostrar que não estamos falando apenas de estatísticas, mas de pais, mães, filhos, amigos que não voltam para casa. A responsabilidade é compartilhada, mas começa com a consciência individual”, afirmou.

Neste ano, o Maio Amarelo também reforça o foco nos mais vulneráveis: pedestres, ciclistas, motociclistas e usuários do transporte público. São esses os que mais sofrem nas vias brasileiras, muitas vezes mal sinalizadas, sem infraestrutura adequada e dominadas por uma cultura de pressa e desatenção.

Em paralelo às ações de conscientização, várias cidades brasileiras lançaram iniciativas locais. Capitais como Curitiba, Salvador e Goiânia ampliaram blitzes educativas, rodas de conversa em escolas, simulações de acidentes com equipes do SAMU e campanhas nas redes sociais. A intenção é levar a discussão para dentro das casas, dos grupos de família no WhatsApp, dos bares, das empresas.

A mobilização, no entanto, ainda encontra resistência. O trânsito no Brasil é, muitas vezes, tratado com certo cinismo — como se imprudência fosse sinônimo de esperteza e como se o respeito às regras fosse sinal de ingenuidade. Mudar essa mentalidade exige tempo, persistência e uma nova forma de olhar para o outro.

É por isso que o Maio Amarelo não quer apenas comover: quer incomodar. Quer que motoristas pensem duas vezes antes de olhar o celular enquanto dirigem. Que motociclistas escolham o capacete certo e respeitem o limite de velocidade. Que pais ensinem seus filhos desde cedo a atravessar na faixa. Que o poder público assuma seu papel na fiscalização e na melhoria da infraestrutura urbana.

Porque, ao fim, trânsito seguro não é um privilégio — é um dever compartilhado. E a mudança começa quando cada um assume a sua parte.

Como lembrou uma das campanhas do ONSV: “No trânsito, o sentido é a vida.” Em 2025, o desafio é fazer com que esse sentido volte a ser levado a sério.

Ao analisarmos a Lei nº 10.600, de 2016, que define a divisão administrativa do Estado do Espírito Santo, deparamos com um marco geográfico singular nos limites do município de Vila Velha: o majestoso Pico de Itaúnas. Localizado próximo à BR-101, esse maciço rochoso se destaca não apenas por sua imponência, mas também por sua relevância geográfica e ambiental.

No ponto mais alto do Pico de Itaúnas, identificado pelas coordenadas E: 345.237,7798 e N: 7.731.911,9410, encontra-se a tríplice divisa entre os municípios de Vila Velha, Guarapari e Viana. Com uma altura de aproximadamente 500 metros, o pico é rodeado por uma exuberante vegetação de Mata Atlântica, compondo um cenário de rara beleza e grande valor ecológico.

Apesar de sua importância, o Pico de Itaúnas permanece pouco conhecido, raramente sendo mencionado em fontes documentais ou estudos sobre a região. Informações sobre sua história, características e potencial turístico ainda são escassas, o que reforça a necessidade de um olhar mais atento para esse patrimônio natural.

A valorização do Pico de Itaúnas é fundamental para que ele receba o reconhecimento que merece, seja por sua relevância como marco geográfico, seja por seu papel na preservação ambiental. Assim, convidamos todos que possuem informações, relatos ou conhecimentos sobre o Pico de Itaúnas a compartilhar suas contribuições.

Juntos, podemos resgatar a história desse tesouro oculto do Espírito Santo, garantindo que sua importância seja devidamente documentada e reconhecida pelas gerações futuras.

Henrique Casamata, Engenheiro, ex-secretário de Desenvolvimento urbano de Vila Velha e Viana. Também foi Diretor Técnico da CEASA.

O dia 15 de novembro é um marco fundamental na história do Brasil, celebrado como o dia em que o país deixou de ser uma monarquia e adotou o regime republicano. A Proclamação da República, ocorrida em 1889, transformou o Brasil política e institucionalmente, representando um momento de ruptura com o modelo de governo vigente desde a independência em 1822.

A Proclamação da República foi conduzida pelo Marechal Deodoro da Fonseca, figura central no movimento que pôs fim ao reinado de Dom Pedro II. Diversos fatores contribuíram para o declínio da monarquia, como o desgaste político entre o imperador e as elites agrárias após a abolição da escravatura em 1888, o fortalecimento do movimento republicano e a insatisfação do Exército com a monarquia, que não reconhecia plenamente sua influência política.

No dia 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, tropas lideradas por Deodoro marcharam até o Quartel-General do Exército. Sem enfrentamento militar ou resistência significativa, Dom Pedro II foi deposto e enviado ao exílio com sua família, marcando o início da Primeira República no Brasil.

Com a proclamação, o Brasil passou a ser governado por um regime presidencialista, em que o poder foi descentralizado e dividido entre os estados da federação. Em 1891, a primeira Constituição republicana foi promulgada, consolidando a separação entre os poderes e estabelecendo novas regras eleitorais. Contudo, o voto continuava restrito a homens alfabetizados, excluindo mulheres, analfabetos e a maior parte da população negra e pobre.

A República trouxe mudanças significativas no cenário político, mas o período inicial foi marcado por instabilidade, disputas de poder e pouca inclusão social, perpetuando desigualdades herdadas da monarquia.

Atualmente, o 15 de novembro é um feriado nacional e representa um momento para relembrar a importância da Proclamação da República na formação do Brasil contemporâneo. Desfiles cívicos, eventos educativos e manifestações culturais são realizados em diversas regiões do país, celebrando o valor da república como símbolo de soberania popular e democracia.

Entretanto, a data também é uma oportunidade de reflexão sobre os desafios enfrentados ao longo da história republicana. Questões como desigualdade social, corrupção e fragilidades institucionais mostram que o Brasil ainda está em processo de consolidação de seus ideais republicanos.

A Relevância do 15 de Novembro

Mais do que um evento histórico, o 15 de novembro é um convite para revisitar os fundamentos da República e reafirmar o compromisso com os princípios de liberdade, igualdade e justiça. Enquanto nação, a data serve como um lembrete de que a construção de uma democracia sólida exige esforço contínuo, participação ativa da sociedade e respeito às instituições.

No contexto atual, o Dia da Proclamação da República é uma celebração da cidadania e um chamado para a construção de um futuro mais justo e inclusivo, em sintonia com os valores que inspiraram o movimento republicano.

plugins premium WordPress
O Fator Brasil