Deputada foi condenada pelo STF a dez anos de prisão; segundo a Corte, saída do Brasil teve objetivo de escapar da aplicação da pena
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teve a prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão veio à tona poucas horas após a própria parlamentar anunciar que havia deixado o Brasil rumo à Europa — segundo ela, para dar continuidade a um tratamento de saúde. Para o ministro, no entanto, a viagem teve outra motivação: evitar os desdobramentos do julgamento em curso.
Segundo Moraes, a saída do país ocorreu “com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, em razão da proximidade do julgamento dos embargos de declaração opostos” contra a condenação que ela já havia recebido da Corte. Ele também mencionou “a iminente decretação da perda do mandato parlamentar”.
A ordem foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após a própria deputada divulgar publicamente que já não estava mais em território nacional. Em nota, o procurador-geral Paulo Gonet argumentou que o pedido de prisão não configurava antecipação de pena, mas sim uma medida necessária para garantir o cumprimento da sentença imposta.
Com a decisão, Moraes também determinou a suspensão do passaporte da parlamentar, a inclusão de seu nome na lista da Interpol — a chamada “difusão vermelha” — e a comunicação oficial às autoridades internacionais competentes.
A defesa de Zambelli sofreu reviravolta no mesmo dia. Daniel Bialski, que até então representava a deputada, confirmou que foi informado por ela da viagem ao exterior, reforçando a justificativa médica.
“Ela viajou para dar continuidade a um tratamento de saúde”, declarou o advogado, que também anunciou seu afastamento do caso por “motivo de foro íntimo”.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão por envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Embora a pena ainda esteja sendo discutida em embargos, a decisão já produziu efeitos, especialmente após a constatação da viagem.
A deputada, por sua vez, afirmou ser alvo de “perseguição judicial”, sem apresentar provas. No entanto, a Corte tem tratado o caso com rigor, interpretando a movimentação internacional como tentativa deliberada de escapar do alcance da Justiça.
A expectativa agora é que as autoridades brasileiras intensifiquem o contato com órgãos internacionais para viabilizar a extradição da parlamentar. O desfecho, no entanto, dependerá dos trâmites jurídicos do país onde ela se encontra — informação que ainda não foi confirmada oficialmente.



























