Bicheiro Rogério Andrade é preso por envolvimento na morte de Fernando Iggnácio e vai para presídio federal

O bicheiro Rogério Andrade voltou a ser preso, na manhã desta terça-feira, durante uma operação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). Ele é apontado, em novas investigações, como o mandante da morte do também contraventor Fernando de Miranda Iggnácio, ocorrida em novembro de 2020. A 1ª Vara Criminal determinou, ainda, que o bicheiro, considerado um dos mais perigosos do Rio, seja transferido para um presídio federal de segurança máxima.

  • Relembre denúncia e prisões: Rogério de Andrade tem 11 anotações criminais na Justiça
  • Ação anterior: Rogério Andrade e presidente da Mocidade são alvos de operação sobre assassinato feita pela Polícia Civil do Rio e pelo Ministério Público

Rogério foi preso em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte, onde chegou por volta das 6h30 na Delegacia de Serviços Delegados (DDSD). Às 8h30, ele foi conduzido para o Instituo Médico Legal e, posteriormente, para o presídio de Benfica, onde passará por audiência de custódia.

Além do contraventor, outro alvo da ação é o policial militar aposentado Gilmar Eneas Lisboa, preso em Casimiro de Abreu e também levado para a DDSD, onde chegou às 9h14. Segundo as investigações do Gaeco, Gilmar teria monitorado Fernando Iggnácio em 2020.

O policial militar aposentado Gilmar Eneas Lisboa — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

Em março de 2021, o MPRJ já havia denunciado Rogério Andrade pela morte de Iggnácio. Porém, em fevereiro de 2022, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, trancar a ação penal contra o contraventor. O relator do processo, o ministro Nunes Marques, aceitou o pedido da defesa, por entender que a denúncia não descreveu de que modo Rogério teria participado, na condição de mandante do crime — apesar de Márcio Araújo de Souza, apontado pelo MP como chefe de segurança do bicheiro, ter sido preso, à época da denúncia, pela suspeita de ter arregimentado os autores da morte de Iggnácio.

Com um novo Procedimento Investigatório Criminal (PIC), o Gaeco identificou sucessivas execuções em meio à disputa entre os contraventores Ignnácio e Rogério Andrade e também a participação de uma outra pessoa no homicídio de Fernando. A denúncia traz ainda dados de quebra do sigilo telemático e telefônico ambos. Com as novas provas, os promotores conseguiram elementos para abrir uma nova investigação, independente do trancamento da ação anterior contra Rogério pelo homicídio de Fernando Iggnácio.

  • Imagens nas redes sociais: Rogério Andrade estava em festa de casamento horas antes de ser preso por envolvimento na morte de Fernando Iggnácio

Na decisão judicial que determinou a prisão de Rogério Andrade constam os motivos pelos quais o bicheiro deve ser transferido para um presídio federal de segurança máxima com Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ele é apontado como o chefe de um grupo criminoso “voltado para a prática de diversos crimes” — entre eles homicídio, corrupção, contravenção e lavagem de dinheiro. O texto destaca que a quadrilha tem contatos com órgãos de segurança estaduais.

Fernando Iggnácio foi assassinado em 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. De acordo com a denúncia à época, três suspeitos invadiram o terreno baldio que faz divisa com o heliporto, usando pelo menos dois fuzis.

Iggnácio chegou ao local quatro horas depois. Ele desembarcou de seu helicóptero, retornando de Angra dos Reis, na Costa Verde. Os acusados, então, posicionaram suas armas em cima de um muro, a cerca quatro metros do local onde estava estacionado o carro do bicheiro. Iggnácio foi atingido por três tiros, um deles na região da cabeça.

Fernando Iggnácio e Rogério Andrade, são, respectivamente, genro e sobrinho do falecido contraventor Castor de Andrade. Os mandados de prisão preventiva da operação desta terça, chamada de Último Ato, foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. Na decisão é destacado a necessidade para garantir a ordem pública diante da “gravidade” dos crimes, definidos de forma “audaciosa e cinematográfica”.

Segundo a denúncia do MP, o assassinato teria sido cometido pela disputa entre os contraventores pelo controle de pontos de exploração de jogo do bicho, videopôquer e máquinas caça-níquel. Rogério e outras cinco pessoas foram denunciados sob a acusação de homicídio triplamente qualificado.

O presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, e o contraventor Rogério Andrade, patrono da escola de samba, foram alvos de mandados de busca e apreensão durante uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e do Gaeco no dia 9 deste mês. Na ocasião, Flávio foi preso por porte ilegal de arma.

A ação, batizada de Fissão, foi no âmbito das investigações sobre o assassinato de Fábio Romualdo Mendes. Segundo o que foi apurado, ele era ligado ao jogo do bicho e foi morto em razão de uma disputa por áreas dominadas por Rogério Andrade. Os mandantes do assassinato seriam ligados a um grupo chefiado por Flávio da Mocidade — apontado como braço direito de Andrade.

O assassinato ocorreu em 29 de setembro de 2021, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. Fábio estava em seu carro, aguardando a esposa que estava num posto de saúde, quando dois homens numa motocicleta se aproximaram. Um dos assassinos deu mais de dez tiros na vítima.

Rogério Andrade, o mais poderoso bicheiro do Rio de Janeiro, retomou a atividade nas redes sociais, abandonadas por ele há quase dez anos. Desde o fim de semana, o contraventor vem movimentando suas contas no Facebook e no Instagram. Nelas, soma cerca de oito mil seguidores.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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