O deputado federal Helio Lopes (PL-RJ) voltou a denunciar ataques racistas sofridos dentro do próprio Congresso. Durante uma reunião da Comissão Especial que analisa a PEC 27/2024, foi chamado de “Capitão do Mato”, expressão usada de forma pejorativa contra negros e que remete ao período da escravidão. Ele registrou ocorrência no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara.
Para o parlamentar, não se trata apenas de um insulto pessoal, mas de uma tentativa de calar sua atuação política.
“Todas as vezes que isso acontecer, eu vou acionar a Justiça. Vamos ver se, desta vez, ela vai agir de forma correta ou se, como em outras ocasiões, vai considerar improcedente. É um completo desrespeito, apenas porque tenho um posicionamento político diferente”, afirmou.
Helio Lopes criticou o que considera tratamento desigual da Justiça quando os ataques atingem parlamentares de direita.
“Recebo ataques desse tipo praticamente todos os dias, mas, por ser um negro de direita, bolsonarista, a Justiça não reconhece o insulto. Enquanto isso, meu irmão Bolsonaro, que apenas brincou com um amigo, está sendo obrigado a pagar uma multa de um milhão de reais. Essa é a maior prova de que não lutam para acabar com o racismo, mas sim para proteger quem pensa como eles e atacar os que pensam diferente”, disse.
A reunião em que ocorreu a ofensa também marcou a eleição para a presidência da Comissão Especial. Helio Lopes era candidato ao cargo para tentar barrar a PEC nº 27/2024, apelidada por críticos de “PEC do fim dos pardos”. A proposta cria o Fundo Nacional de Igualdade Racial e prevê a redefinição do conceito de população negra no país.
“Fui candidato a presidente desta comissão, pois queria barrar esse absurdo. Estamos diante de uma iniciativa que pode provocar o apagamento estatístico, cultural e político da identidade parda, a maior categoria demográfica do Brasil. Mas a esquerda não está preocupada com isso, ela quer somente se beneficiar com a criação do Fundo, que trará mais dinheiro aos movimentos negros”, destacou.
Na avaliação do deputado, o ataque sofrido é sintoma de um movimento mais amplo: uma tentativa de enfraquecer vozes conservadoras e impedir que elas façam frente a projetos que, segundo ele, servem mais a interesses ideológicos do que ao país.