Parlamentar do Espírito Santo contrariou ordem do STF e fez viagem ao exterior com passaporte diplomático; ele é investigado por suposta tentativa de impedir a posse de Lula
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília, na manhã desta segunda-feira (4), vindo dos Estados Unidos, e foi recebido por agentes da Polícia Federal. A operação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou medidas cautelares contra o parlamentar. Uma delas é o uso de tornozeleira eletrônica.
Do Val passou dez dias fora do Brasil, mesmo após o STF ter determinado, em agosto de 2024, que ele entregasse seu passaporte. A Corte investiga a participação do senador em uma suposta articulação para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin, em janeiro de 2023.
Durante a viagem, Do Val gravou um vídeo em tom de desabafo, tentando afastar a suspeita de que teria tentado burlar a Justiça.
“Não estou aqui fugindo, estou curtindo e dando atenção à minha filha no parque Universal Orlando. Alexandre de Moraes recebeu com 15 dias de antecedência informações de onde eu estaria, qual era o meu voo, o hotel que eu estou e até os ingressos que eu comprei”, afirmou o senador, em uma gravação publicada no fim de julho.
A assessoria do parlamentar também divulgou nota para justificar a viagem, feita com um passaporte diplomático que, apesar da ordem judicial, não foi retido. Segundo o texto, o documento segue válido até 31 de julho de 2027.
“O passaporte diplomático encontra-se plenamente válido até 31 de julho de 2027, sem qualquer restrição. Em 22 de julho de 2025, a Embaixada dos Estados Unidos da América, em Brasília, renovou o visto oficial (B1/B2) do Senador, com validade até 16 de julho de 2035, o que atesta o pleno reconhecimento internacional de sua legitimidade e regularidade diplomática”, diz a nota.
Com a chegada de Do Val ao Brasil, o STF colocou em prática as restrições previstas no inquérito. A investigação segue sob sigilo, mas interlocutores da Corte indicam que outras medidas podem ser tomadas nos próximos dias. Nos bastidores, a avaliação é de que o caso se agravou com a decisão do senador de ignorar a ordem de entregar os documentos e deixar o país mesmo assim.