Francisco Cuoco morre aos 91 anos e deixa legado eterno na história da televisão brasileira

Ator que marcou gerações com personagens inesquecíveis faleceu em São Paulo; velório será aberto ao público nesta sexta-feira

O Brasil se despede de um dos maiores nomes da dramaturgia nacional. Francisco Cuoco, ator que atravessou mais de seis décadas encantando o público com sua presença cênica, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, em São Paulo. Ícone das novelas e referência de talento, carisma e longevidade artística, Cuoco estava internado no hospital Albert Einstein e faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

O velório acontecerá nesta sexta-feira (20), na Funeral Home da Rua São Carlos do Pinhal, 376, no bairro da Bela Vista, capital paulista. O público poderá prestar suas últimas homenagens entre 7h e 15h. O sepultamento será realizado às 16h, em cerimônia restrita à família e amigos mais próximos.

“É com pesar e consternação que a família comunica o falecimento do ator Francisco Cuoco. Ele estava com a família e partiu de forma tranquila e serena. Agradecemos todas as mensagens de pesar e manifestações de carinho. A causa da morte foi por falência múltipla dos órgãos. Nossa gratidão e amor eterno por ter tido você em nossas vidas”, diz a nota oficial divulgada por seus familiares.

Da infância no Brás aos holofotes do Brasil

Francisco Cuoco nasceu em 1933, no tradicional bairro do Brás, em São Paulo. Era filho de Antonieta e Leopoldo, e irmão de Grácia. Cresceu entre ruas estreitas e sonhos largos, como os que cultivava no terreno baldio diante de sua casa — onde, de tempos em tempos, um circo improvisava seu picadeiro. Quando as lonas partiam, ele criava ali seu próprio espetáculo.

“Eu encenava uns diálogos engraçados para os vizinhos, tudo imaginação de criança”, recordava, em entrevistas.

Ainda jovem, tentou o curso de Direito, mas aos 20 anos trocou a faculdade pela vocação definitiva: ingressou na Escola de Arte Dramática de São Paulo. Pouco depois, já atuava nos palcos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e, em seguida, no Teatro dos Sete, onde dividiu cena com nomes como Fernanda Montenegro e Sérgio Britto.

A estreia na TV e o nascimento de um galã

O batismo na televisão veio no final dos anos 1950, ainda nos tempos das transmissões ao vivo. Cuoco integrou o elenco do “Grande Teatro Tupi”, uma escola improvisada e exigente, que o forjou diante das câmeras.

“Interpretávamos peças completas. A TV ainda era ao vivo e, lógico, tínhamos que improvisar muito. Foi um aprendizado incrível”, contou ao projeto Memória Globo.

Sua primeira novela foi “Marcados pelo Amor” (1964), na TV Record. O estouro nacional veio com “Redenção” (1966), na TV Excelsior. Em 1968, contracenou com Regina Duarte em “Legião dos Esquecidos”, consolidando-se como o galã do momento.

Na TV Globo, estreou em 1970 como o padre Vitor, em “Assim na Terra Como no Céu”, escrita por Dias Gomes. A partir daí, virou rosto familiar em milhões de lares brasileiros.

Entre Cristiano, Carlão e outros tantos

Janete Clair, a grande dama das novelas, soube explorar com maestria o alcance dramático de Cuoco. Foi dela o personagem Cristiano Vilhena, de “Selva de Pedra” (1972), que viveu um amor conturbado com Simone, vivida novamente por Regina Duarte. Em “O Semideus” (1973) e “Cuca Legal” (1975), o ator manteve o status de protagonista.

Mas foi como Carlão, o taxista de “Pecado Capital” (1975), que Cuoco firmou seu nome entre os gigantes da teledramaturgia. Criado às pressas para substituir “Roque Santeiro”, censurado pelo regime militar, o folhetim virou sucesso de audiência.

“O Carlão tinha essa generosidade, essa coisa de olhar para o semelhante e ver o semelhante. Eu acho que ele tinha a mágica do personagem popular”, refletiu Cuoco, anos depois.

Curiosamente, no remake da novela em 1998, viveu o papel oposto: Salviano Lisboa, o empresário rival de Carlão.

Um artista completo: TV, teatro e cinema

Ao longo das décadas, Cuoco acumulou dezenas de papéis marcantes. Esteve em produções como “O Outro” (1983), “O Salvador da Pátria” (1989), “Passione” (2010), “Sol Nascente” (2016) e “Segundo Sol” (2018). Sua atuação aliava rigor técnico à sensibilidade popular — uma combinação rara e preciosa.

Nos cinemas, brilhou em obras como “Traição” (1998), “Gêmeas” (1999) e “A Partilha” (2001). Nos palcos, voltou em 2005 com a comédia “Três Homens Baixos”, ao lado de Gracindo Jr. e Chico Tenreiro.

Seu último trabalho na televisão foi em 2023, na série “No Corre”, exibida pelo canal Multishow.

A despedida de um mestre

O dramaturgo Walcyr Carrasco resumiu, com sobriedade, o sentimento que uniu gerações de espectadores, colegas e admiradores:

“Nos deixou hoje um dos maiores atores da nossa televisão. Francisco Cuoco foi um ícone, um artista que inspirou gerações e levou emoção a milhões de lares. Fica a saudade e a eterna admiração. Meus sentimentos à família, aos amigos e aos admiradores”, disse Carrasco.

Francisco Cuoco deixa três filhos — Tatiana, Rodrigo e Diogo —, uma galeria imensa de personagens e uma certeza: a de que a arte, quando feita com verdade, não morre com o artista. Permanece. Vive no imaginário coletivo, no calor da memória e na gratidão de um país inteiro.

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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