Governador de São Paulo prestou depoimento em Brasília e disse que jamais ouviu o ex-presidente falar em golpe, nem antes, nem depois das eleições
Em Brasília, nesta sexta-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, falou com firmeza ao ser chamado a depor como testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sentado diante dos advogados e sob os olhos atentos do Ministério Público, ele foi direto ao ponto: não há, segundo ele, qualquer indício de que Bolsonaro tenha cogitado uma ruptura institucional após as eleições de 2022.
“Jamais ouvi qualquer menção a isso. Nem durante o governo, nem depois da eleição. Bolsonaro estava triste, sim, mas resignado. A preocupação dele era com a transição e com o futuro do país”, afirmou Tarcísio.
O depoimento, colhido por Celso Vilarde, advogado de Bolsonaro, procurou esclarecer pontos sensíveis da investigação da Polícia Federal, que apura uma suposta tentativa de golpe envolvendo o entorno do ex-presidente.
Entre as perguntas feitas a Tarcísio, uma se destacou: o que aconteceu no dia 15 de dezembro de 2022 — data em que a PF aponta que Bolsonaro teria assinado um decreto com intenções golpistas? O governador respondeu que esteve, de fato, com Bolsonaro naquele dia, mas negou qualquer conversa sobre o tema.
“Havia preocupação com a transição, sim, mas não ouvi nada sobre golpe ou medidas de ruptura”, disse o governador, ao ser questionado diretamente sobre o assunto.
Tarcísio também rejeitou qualquer ligação do ex-presidente com os atos do 8 de janeiro, ressaltando que Bolsonaro estava fora do Brasil, nos Estados Unidos, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas.
Defesa avança com novos depoimentos e olhos voltados para 2026
Além de Tarcísio, outra voz de peso foi ouvida nesta etapa do processo: Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil e figura central da articulação política do governo Bolsonaro. Ele falou como testemunha de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Ao longo do depoimento, Ciro adotou um tom técnico e contido. Disse não ter conhecimento de qualquer plano de golpe e descreveu Torres como um ministro correto, que jamais questionou a legitimidade do processo eleitoral.
“Torres sempre agiu com zelo e dentro da legalidade. Nunca ouvi nada, nem de perto, que sugerisse uma ruptura institucional”, afirmou o ex-ministro.
As audiências seguem em ritmo acelerado, com a defesa de Bolsonaro abrindo mão de algumas testemunhas e ajustando sua estratégia. Na próxima segunda-feira (2), será a vez do senador Rogério Marinho prestar depoimento — o último nome listado pela defesa do ex-presidente.
Mesmo com a cautela formal que o momento exige, os movimentos no tabuleiro jurídico já repercutem politicamente. Tarcísio, nome forte para 2026, parece calibrar sua posição com habilidade: firma-se como defensor leal de Bolsonaro, mas preserva uma postura institucional que o mantém dialogando com diversos campos do espectro político.


























