Dia de São Francisco de Assis: entenda a história e a origem da data

Inspiração para muitos como símbolo de humildade e devoção ao próximo, São Francisco de Assis é celebrado nesta sexta-feira (4). Adorado por muitos, Francisco também foi inspiração para o nome o atual Papa da Igreja Católica, o argentino Jorge Mario Bergoglio.

Um dos santos mais reverenciados da Igreja Católica, ficou conhecido por sua vida dedicada à pobreza e à simplicidade. Nascido na Itália, ele renunciou a uma vivência de riquezas para abraçar a humildade.

Desde o século 13, é venerado não só por seu exemplo de devoção e respeito pela vida, mas também como o “protetor dos animais e do meio ambiente”.

A vida de São Francisco de Assis

Nascido em 1181 ou 1182 (há divergências na datação por conta da época), em Assis, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardone veio de uma família rica e teve uma juventude marcada pela vida despreocupada e luxuosa.

Filho de Pedro Bernardone, rico e próspero comerciante de tecidos, e de Dona Pia, chegou a ser soldado, lutando na guerra que a cidade de Assis travou contra Peruggia, também na Itália.

Com o passar dos anos, o jovem começou a sentir o chamado de se distanciar da vida de conforto e renunciar à riqueza de sua família. Há um momento, inclusive, em sua descoberta espiritual, que seu pai o coloca em uma situação de vexame público ao realizar cobranças ao filho.

“O pai jogou na cara o que tinha feito pelo filho. Ele, então, reúne todas as suas peças de roupas e se despe, numa forma de dizer: ‘bom, tudo aquilo que você me deu, eu te devolvo’. Não foi um ato de rebeldia juvenil, mas de um reconhecimento de que aquele caminho que o pai gostaria pra ele, talvez, de satisfação financeira e de bens, não era o que, de fato, satisfaria a sua vida de maneira plena”, relata à CNN, o padre Cleiton Viana da Silva, também doutor em teologia moral, do clero da Diocese de Mogi das Cruzes (SP) e autor de vários livros, como “Preceitos da serenidade: viver um dia de cada vez”.

Um dos momentos mais significativos de sua conversão foi quando ele restaurou uma pequena igreja em ruínas em Assis, a Igreja de São Damião. A situação ocorreu quando um dia resolveu ir rezar em igreja afastada de sua cidade e recebeu uma mensagem divina.

“Ele teria ouvido o Senhor falando com ele: ‘Francisco, reconstrói a minha igreja’. Então, prontamente ele reúne alguns amigos e iniciam o processo de reparo e manutenção. Tempos depois, ele se dá conta que, na verdade, tratava-se de uma reforma espiritual”, diz o sacerdote.

Voto de pobreza

Integrante dos movimentos mendicantes, que são ordens religiosas religiosas que surgiram no final da Idade Média e se caracterizam pelo voto de pobreza e pela prática da mendicância (pedir esmolas) como meio de subsistência, traz um grande ensinamento para a igreja e aos que procuravam uma vida do evangelho mais simples, mais radical e sem o peso que a institucionalidade.

“O grande legado dele foi justamente uma igreja mais confiante da força do evangelho e da bondade no coração das pessoas. Por isso que ele também é retratado como o homem do diálogo”, enfatiza o padre.

Após renunciar aos luxos que a vida de sua família ostentava, São Francisco começou a reunir seguidores que desejavam viver de acordo com os mesmos princípios.

Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma no ano de 1205. Ao visitar a tumba do Apóstolo São Pedro, ficou indignado com o que presenciou e exclamou: “É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” Em seguida, lançou um punhado de moedas de ouro, destacando-se das escassas esmolas dos fiéis menos generosos.

Logo após, trocou suas roupas luxuosas pelas de um mendigo, experimentando pela primeira vez a vida na pobreza. Retornou a Assis, à casa de seus pais, e se entregou ainda mais à oração e ao silêncio.

A partir de então, começou a pregar uma vida de desapego material e amor incondicional por todas as criaturas. Em 1209, Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores, ou Franciscanos, com base em seus princípios de humildade, pobreza e serviço aos necessitados.

A vida em comunidade dos frades era marcada pela partilha, pela simplicidade e pela dependência da providência divina. Os membros da Ordem dos Frades Menores eram encorajados a viver em pobreza radical, confiando em Deus para suas necessidades diárias. Isso incluía não possuir bens materiais, depender de doações e viver em lugares humildes.

A origem do dia de São Francisco de Assis

O 4 de outubro marca o dia de sua morte, em 1226, quando Francisco, já com a saúde fragilizada, faleceu em Assis. Dois anos depois, foi canonizado pelo Papa Gregório IX.

Desde então, a data se tornou um dia de celebração não apenas para os católicos, mas também para todos que defendem a vida dos animais e a proteção ambiental.

“Geralmente, o dia de comemorar o santo ou é o dia da sua própria morte ou um dia antes. Então, a data sempre relação com esses fatos”, explica.

Por isso, o  Dia de São Francisco de Assis é comemorado em 4 de outubro.

Milagres

Os milagres atribuídos à São Francisco de Assis fazem parte de sua trajetória de santidade e são um dos motivos pelos quais ele é venerado ao redor do mundo.

Apesar de viver uma vida de extrema humildade e simplicidade, muitas histórias extraordinárias cercam sua figura, refletindo sua fé, seu amor incondicional pelos seres vivos e sua profunda conexão com o divino.

De acordo com o padre Cleiton, um dos mais populares seria o episódio do Lobo de Gúbio, que ocorreu na cidade de Gúbio, na Itália. Conforme as histórias, a cidade estava sendo aterrorizada por um lobo feroz que atacava animais e pessoas. Os moradores viviam com medo e não sabiam como enfrentar a criatura.

São Francisco, ao tomar conhecimento do problema, decidiu intervir. Ele foi até o local onde o lobo costumava aparecer e, sem armas, aproximou-se do animal. A história conta que, em vez de atacá-lo, o lobo ficou dócil ao ouvir as palavras de São Francisco.

“Mas eu penso que tem um outro milagre muito eloquente. A história gira em torno de um leproso, ou de uma pessoa com câncer no rosto, completamente desfigurada, e que as pessoas em volta não só não tinham solidariedade, como até mesmo maltratavam. São Francisco, então, se aproxima desse doente e consegue abraçá-lo e beijá-lo. Depois daquele momento, aquele homem teve o seu rosto restaurado”, detalha o sacerdote.

Padroeiro dos animais e do meio ambiente

A caridade e bondade de São Francisco se estendeu para os animais e para o meio ambiente. Ele acreditava que todas as criaturas, independentemente de sua espécie, mereciam respeito e cuidado.

Uma das histórias mais emblemáticas é o episódio em que ele pregou para os pássaros. Segundo a tradição, enquanto caminhava, ele parou para falar com uma grande multidão de aves que se reuniram ao seu redor para ouvi-lo.

Sua espiritualidade também enfatizava a importância de cuidar da Terra e de todas as suas criaturas. Ele via a natureza como uma manifestação do amor de Deus e acreditava que a humanidade tinha a responsabilidade de protegê-la.

Padroeiro dos animais e do meio ambiente • Wikimedia Commons

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Redação O Fator Brasil

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A Secretaria da Justiça (Sejus) adquiriu dez drones de última geração para ampliar o monitoramento e o apoio operacional nas unidades prisionais do Espírito Santo. Os equipamentos foram adquiridos por meio do Programa de Ampliação e Modernização do Sistema Prisional (Moderniza-ES), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e vão desempenhar um papel estratégico no fortalecimento das ações da Polícia Penal do Estado, oferecendo uma visão aérea que ampliará a eficiência em operações e treinamentos.

Com o investimento da ordem de R$ 586 mil, os equipamentos com tecnologia de ponta vão ajudar a ampliar a eficiência da segurança, monitoramento, fiscalização e apoio logístico nas unidades prisionais. As aeronaves permitem vigilância aérea eficaz, com capacidade de cobrir áreas restritas e de difícil acesso, proporcionando maior agilidade e precisão nas operações de vigilância e monitoramento dos perímetros das unidades penitenciárias e eventuais ações de recaptura.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou que o investimento representa um passo importante na modernização e eficiência das ações da Polícia Penal no Estado.   “Estamos investindo em tecnologia de ponta para fortalecer o trabalho da Polícia Penal e otimizar as ações de segurança e inteligência prisional. Por meio do Moderniza-ES, seguimos ampliando e modernizando os serviços e projetos do sistema prisional capixaba. Essas iniciativas aumentam nosso poder de gestão e contribuem diretamente para a redução da violência no Espírito Santo”, ressaltou Rafael Pacheco.

Capacitação

Para capacitar os operadores dos novos drones, a Academia da Polícia Penal (Acadeppen) iniciou neste mês mais um treinamento voltado para a formação continuada de pilotos do equipamento. Ao todo, 46 policiais penais recebem capacitação técnica.

Com os equipamentos, modelo Matrice 30T, será possível ampliar as ações operacionais e de inteligência no sistema prisional, como o monitoramento das saídas e entradas dos custodiados nas unidades prisionais, o acompanhamento aéreo dos locais de banho de sol, bem como reforçar o trabalho realizado pelo serviço de inteligência prisional.

Os novos drones têm câmera térmica capaz de visualizar e medir a radiação infravermelha, emitida por corpos ou objetos, convertendo-a em imagens com cores que indicam diferentes temperaturas, recurso que auxilia o operador de segurança também nas missões noturnas.

O equipamento tem autonomia de voo de 41 minutos, com uma distância de transmissão de 15 quilômetros, além de sistema de detecção de obstáculos capaz de auxiliar o piloto na navegação. Além disso, tem quatro câmeras com diferentes tecnologias de zoom e captura de imagem.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15) suspender a ação penal que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O pedido partiu do próprio PL e foi aprovado por 268 votos a favor, 167 contrários e quatro abstenções.

A decisão, oficializada pela Resolução nº 30/25, será comunicada ao Supremo. O parecer do relator, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), já havia recebido aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou mantido pelo plenário.

O processo contra Gayer foi movido pelo senador licenciado Vanderlan Cardoso (GO), que o acusa de injúria, calúnia e difamação. A ação tem como origem um vídeo publicado nas redes sociais, em fevereiro de 2023, no qual o deputado criticava o resultado da eleição para a Mesa do Senado e fez comentários sobre o próprio Vanderlan e o STF.

O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e se encontra na fase final das alegações.

Em seu relatório, Cathedral afirmou não ver elementos que sustentem as acusações de calúnia e difamação, acompanhando as conclusões da Polícia Federal.

“Subscrevemos as conclusões da Polícia Federal e concluímos que o mais adequado seria o não recebimento da queixa-crime relativamente a esses crimes”, disse o relator.

Ele reconheceu, porém, que as falas de Gayer poderiam ser interpretadas como injúria, mas ponderou que é preciso levar em conta se a manifestação estava amparada pela inviolabilidade parlamentar prevista na Constituição.

Pelas regras constitucionais, a Câmara tem até 45 dias para decidir se autoriza o andamento da ação ou se a suspende enquanto durar o mandato. Durante esse período, o prazo de prescrição fica interrompido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela com o objetivo de enfraquecer, e, em última instância, derrubar, o presidente Nicolás Maduro. A decisão marca uma escalada clara na política norte-americana contra Caracas e já provoca repercussão internacional.

Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a autorização faz parte de um conjunto de medidas que inclui pressão militar na região e ações de inteligência para desarticular redes de tráfico e, possivelmente, capturar líderes venezuelanos. As alternativas avaliadas vão desde operações encobertas até ações terrestres limitadas, planejadas para pressionar o regime sem uma invasão em larga escala.

A Casa Branca justificou a medida com dois objetivos práticos: conter o fluxo de drogas provenientes da Venezuela e reagir a episódios recentes de prisioneiros que, segundo o governo americano, cruzaram a fronteira para os EUA. O movimento ocorre enquanto a presença militar norte-americana no sul do Caribe se mantém visível, incluindo ataques a embarcações suspeitas de tráfico, gerando debates sobre legalidade e transparência.

Fontes afirmam que a autorização dá à CIA liberdade para atuar sozinha ou em conjunto com forças militares, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto. Entre os defensores da ação estão membros da ala mais dura do governo e o secretário de Estado, Marco Rubio. Detalhes operacionais, no entanto, permanecem em sigilo, alimentando críticas no Congresso sobre supervisão e prestação de contas.

A reação internacional foi imediata. Caracas classificou a medida como uma agressão direta à soberania venezuelana, mobilizando tropas e milícias, enquanto analistas e governos da região passam a avaliar os riscos de uma escalada militar e os possíveis impactos humanitários de uma operação que combina ações encobertas, pressão política e presença naval.

A confirmação pública de Trump, incomum para operações secretas, muda a dinâmica política: abre debates sobre limites legais, supervisão do Congresso e os riscos de um conflito regional. Mais do que uma ação isolada, a medida sinaliza que os EUA estão dispostos a usar ferramentas não convencionais para atingir objetivos de política externa, com efeitos incertos para a estabilidade hemisférica.

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