O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira, 21, para alterar a composição da Câmara dos Deputados, potencialmente substituindo sete parlamentares eleitos em 2022. A decisão veio como resultado do julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) que questionavam a regra das “sobras eleitorais”, utilizada nas eleições proporcionais.
Contexto da Decisão
O julgamento das ADIs foi motivado por questionamentos apresentados pelos partidos Rede Sustentabilidade, PSB, Podemos e PP. As ações alegavam que a regra de distribuição das sobras eleitorais, definida pela Lei 14.211/2021, criava distorções no sistema proporcional. Segundo a norma, apenas os partidos que obtivessem ao menos 80% do quociente eleitoral poderiam disputar as vagas remanescentes, e os candidatos precisariam ter votos equivalentes a pelo menos 20% desse quociente.
Votos e Decisão
Com sete votos favoráveis e quatro contrários, os ministros do STF decidiram pela inconstitucionalidade dessa norma. Entre os que votaram a favor da mudança estavam Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e o recém-empossado ministro Flávio Dino. Esses ministros argumentaram que a regra atual inviabilizava a representação adequada dos partidos menores, contrariando os princípios de pluralismo político e proporcionalidade.
O relator, o ex-ministro Ricardo Lewandowski, já havia votado anteriormente pela derrubada da regra, sendo seguido por ministros como Moraes e Mendes. A principal controvérsia, porém, girava em torno da aplicação retroativa da decisão às eleições de 2022. Moraes e Mendes defenderam que a mudança deveria ser aplicada imediatamente, afetando os resultados das últimas eleições.
Impacto Imediato
Se a decisão fosse aplicada retroativamente, sete deputados poderiam perder seus mandatos. Entre os parlamentares afetados estão Professora Goreth (PDT-AP), Silvia Waiãpi (PL-AP), Sonize Barbosa (PL-AP), Dr. Pupio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lebrão (União Brasil-RO) e Lázaro Botelho (PP-TO). Estes seriam substituídos por candidatos que ficariam com as vagas residuais conforme as novas regras estabelecidas pelo STF .
Contudo, o STF decidiu que a nova regra só será válida para as próximas eleições, evitando assim uma mudança imediata na composição da Câmara dos Deputados. Essa decisão visa garantir a estabilidade e previsibilidade do processo eleitoral, respeitando os mandatos já diplomados sob a legislação vigente na época do pleito de 2022.
Reações e Próximos Passos
A decisão do STF gerou um amplo debate sobre a representatividade e a justiça no sistema eleitoral brasileiro. Partidos e parlamentares afetados expressaram suas preocupações, enquanto especialistas em direito eleitoral discutem os impactos de longo prazo dessa mudança.
A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) tiveram opiniões divergentes sobre o caso. A AGU defendeu a manutenção das regras atuais, enquanto a PGR apoiou parcialmente os pedidos dos partidos que questionaram a norma.
Com a decisão do STF, o cenário político na Câmara dos Deputados permanece estável por enquanto, mas com a certeza de que mudanças significativas estão a caminho nas próximas eleições. A revisão das regras de sobras eleitorais promete uma nova dinâmica na disputa por cadeiras no Legislativo, com potencial para alterar a composição partidária e a representação política no Brasil.