Os deputados Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, e Odair Cunha (PT-MG), líder do partido na Câmara, pediram ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que arquivasse o projeto que sugere a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Os parlamentares argumentam que, à luz dos recentes desdobramentos sobre um possível plano de assassinato de autoridades em 2022, o mais adequado seria interromper a tramitação da proposta no Congresso.
No entanto, Lira, aparentemente, deverá desconsiderar esse pedido e manter a proposta em debate na comissão especial criada no final de outubro. No requerimento, Gleisi e Odair citam as investigações da Polícia Federal (PF), que investigam a participação de quatro militares, incluindo um general da reserva que atuou no governo de Jair Bolsonaro (PL), e um agente da própria PF, em um suposto plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
A justificativa dos petistas para o pedido de arquivamento é que seguir com a proposta de anistia aos responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro, mesmo que apenas durante a tramitação legislativa, seria “inoportuno e inconveniente” para o processo democrático e a pacificação nacional. Eles pedem que a proposta seja considerada prejudicada e retirada de tramitação imediatamente.
Apesar desse requerimento, aliados de Lira afirmam que ele continuará permitindo que a proposta siga tramitando na comissão especial, o que, na prática, adia sua análise. A decisão tomada no final de outubro já havia suspendido a votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pela deputada federal Caroline De Toni (PL-SC).
Politicamente, Lira escolheu essa abordagem para evitar que o tema afete as negociações para sua sucessão na presidência da Casa. Lira apoia Hugo Motta (Republicanos-PB), que conta com o apoio tanto do PT quanto do PL para a disputa de fevereiro. O presidente da Câmara busca, assim, manter-se neutro em questões delicadas. Até agora, apenas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se pronunciou publicamente sobre as prisões realizadas pela Polícia Federal na terça-feira (19).