Os mergulhadores encontraram o corpo do magnata britânico do setor de tecnologia Mike Lynch, cujo iate de luxo naufragou no início da semana na costa da Sicília, informou nesta quinta-feira (22) a Guarda Costeira italiana, que prossegue com os esforços para recuperar o corpo da última vítima.
Mergulhadores especializados, que recuperaram na quarta-feira quatro corpos dos destroços do iate “Bayesian”, que afundou na segunda-feira a 50 metros de profundidade nas imediações de Palermo, encontraram um quinto cadáver na manhã de quinta-feira.
A imprensa italiana afirmou que era o corpo de Lynch, sem especificar as fontes. A Guarda Costeira anunciou em seguida à AFP que recuperou os cadáveres de todas as vítimas do sexo masculino, confirmando assim a morte do empresário.
Entre os destroços do iate, resta apenas o corpo de uma mulher, a sexta pessoa considerada desaparecida após a tragédia.
Lynch, 59 anos, um bilionário conhecido como o “Bill Gates britânico”, comemorava em seu iate de luxo, ao lado de amigos, colaboradores e advogados, sua absolvição em junho em um julgamento por fraude nos Estados Unidos que poderia ter resultado em uma condenação de vários anos de prisão.
A embarcação afundou em poucos minutos a quase 700 metros do porto de Porticello, após a passagem de um tornado durante a madrugada de segunda-feira.
Quinze pessoas foram resgatadas, incluindo seis passageiros, grupo que incluía uma mulher e a filha de um ano. Um membro da tripulação foi encontrado morto no dia da tragédia.
Seis pessoas foram consideradas desaparecidas: Mike Lynch e sua filha Hannah, Jonathan Bloomer – CEO do Morgan Stanley International, filial do banco americano – e sua esposa, e Chris Morvillo – advogado que defendeu Mike Lynch no julgamento nos Estados Unidos – e sua esposa.
“Uma armadilha”
Os primeiros relatos de testemunhas afirmaram que o mastro de 75 metros do iate havia quebrado, mas novas informações reveladas na quarta-feira indicam que o cenário pode ter sido diferente.
A velocidade do naufrágio do iate e o fato de que as embarcações ao seu redor não foram afetadas provocam questionamentos, em particular sobre se a quilha lastrada, que funciona como contrapeso do imponente mastro, estava abaixada ou levantada no momento da tempestade.
O diretor do ‘The Italian Sea Group’, proprietário do estaleiro Perini Navi, que construiu o “Bayesian”, apontou uma falha humana.
“Tudo que aconteceu aponta para uma longa série de erros. Os passageiros não deveriam estar nas cabines, a embarcação não deveria estar ancorada”, declarou Giovanni Costantino em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera.
“Um barco do Perini resistiu ao furacão Katrina, um furacão de categoria 5 que devastou os Estados Unidos em 2005”, disse. “Você acha que não poderia resistir a um tornado aqui?”.
Costantino disse que é “uma boa prática quando o navio está ancorado ter um guarda no convés e, se estivesse lá, ele não poderia ter deixado de ver a tempestade chegando”.
“Porém, a água entrou com os convidados ainda em suas cabines. Um ângulo de 40 graus é suficiente para que as pessoas que estão em uma cabine fiquem com a porta acima delas: você imagina um homem de 60 ou 70 anos escalado para sair?”, questionou.
“Acabaram em uma armadilha, estas pobres pessoas acabaram como ratos em uma armadilha”, disse Costantino.