Com ataques a coletivos e a morte de criminosos em confrontos com a PM, milhares de passageiros ficaram sem transporte e comerciantes foram obrigados a fechar as portas
A manhã desta sexta-feira (19) virou um retrato da insegurança que tomou conta da Grande Vitória. Passageiros do Sistema Transcol lotaram terminais e pontos de ônibus sem saber se conseguiriam voltar para casa ou chegar ao trabalho. A circulação foi suspensa depois que dois coletivos foram incendiados e um terceiro apedrejado, principalmente na Serra.
A decisão partiu do Sindicato dos Rodoviários, que orientou motoristas e cobradores a recolherem os veículos diante da escalada de ataques.
“Antes que aconteça uma coisa pior para a categoria, nós seguramos os ônibus no Terminal de Laranjeiras para dar uma acalmada nos ânimos. O trabalhador não pode ficar com esse emocional abalado. Os ônibus vão estar parados até que tenha policiamento em toda a Grande Vitória”, disse Marquinhos Jiló, presidente do sindicato.
O primeiro ataque ocorreu ainda de madrugada, em Nova Carapina II. Dois homens em uma moto pararam um coletivo, obrigaram motorista e passageiros a descer e incendiaram o veículo. No início da tarde, outro ônibus foi queimado na BR-101, interrompendo o trânsito em direção à Serra-Sede. Um terceiro foi depredado. Até agora, não há detalhes sobre o número de passageiros nem sobre a identidade dos criminosos.
Segundo a Polícia Militar, os atentados seriam uma resposta à morte de um suspeito de crimes em confronto com policiais no bairro Cidade Pomar, também na Serra.
Toque de recolher em Cariacica
Em Cariacica, a situação também foi de tensão. O comércio precisou fechar as portas após a morte de Ruan Lourenço Corrêa, de 21 anos, conhecido como “Marola”, durante tiroteio com a PM.
Apontado como um dos mais procurados da cidade, Marola acumulava nove mandados de prisão por homicídios e tráfico de drogas. Sua morte gerou ordem de toque de recolher, imposta pelo crime organizado, que espalhou medo entre lojistas e moradores.
Na prática, o dia terminou com a rotina de milhares de capixabas sob o peso da violência: trabalhadores sem transporte, comerciantes impedidos de abrir seus negócios e famílias cercadas pelo medo de atravessar a cidade.