Search
Close this search box.

Audiência no Congresso americano escancara preocupações com censura e perseguição política no Brasil sob a toga do Supremo

O cerco internacional ao ministro Alexandre de Moraes pode estar apenas começando. Durante audiência no Congresso dos Estados Unidos, o senador Marco Rubio confirmou que Washington analisa a possibilidade de impor sanções contra o magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky — legislação voltada a punir agentes públicos estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos.

A proposta vem sendo discutida com seriedade entre parlamentares republicanos, que enxergam em Moraes o protagonista de um processo de asfixia das liberdades civis no Brasil. A escalada preocupa: para os americanos, o Supremo deixou de ser um guardião da Constituição e passou a atuar como instrumento de repressão política.

“Existe uma grande possibilidade de que sanções sejam aplicadas com base na Lei Magnitsky. Os abusos não podem ser ignorados”, afirmou Rubio, em fala que ecoou entre os corredores de Brasília.

O nome de Alexandre de Moraes surgiu no radar do governo americano após denúncias de censura sistemática, perseguição judicial e ameaças a opositores, com foco especial nas investigações que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Entre os congressistas dos EUA, o paralelo com os processos contra Donald Trump não passou despercebido.

A crítica de Rubio foi direta: o Brasil corre o risco de caminhar para o isolamento internacional, caso o Supremo mantenha seu viés autoritário. O senador ainda fez um alerta sobre os efeitos práticos de decisões judiciais sem amparo em garantias constitucionais ou no devido processo legal.

Republicanos mais influentes do Congresso, como James Comer e Chris Smith, também têm reforçado os alertas sobre a erosão institucional no Brasil. O foco se volta à liberdade de expressão, às restrições impostas a parlamentares conservadores e ao cerco a veículos e perfis nas redes sociais considerados dissidentes.

Enquanto isso, Moraes mantém o silêncio. Nenhuma manifestação pública foi feita até o momento sobre a possível inclusão de seu nome entre os alvos de sanções internacionais.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros demonstram preocupação com os desdobramentos. Uma eventual punição a um ministro da mais alta Corte do país, vinda da maior potência do Ocidente, seria inédita — e colocaria o Brasil no centro de uma crise diplomática de alto custo.

A Casa Branca, embora não tenha se pronunciado oficialmente, monitora o caso. E a pressão cresce. A cada nova fala no Congresso americano, a imagem do Brasil democrático se desgasta, corroída não por golpes, mas por votos de gabinete que se distanciam do espírito da lei.

Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal da Serra, do dia 14 de maio, o vereador Pastor Dinho (PL) foi alvo de um ataque ofensivo e racista por parte de manifestantes presentes na galeria. Um dos cartazes exibidos o chamava de “Pastor Capitão do Mato”, expressão historicamente associada à repressão de negros escravizados — considerada profundamente ofensiva, especialmente contra um parlamentar negro, evangélico e defensor de pautas conservadoras.

O ataque aconteceu na frente da vereadora Raphaela Moraes (PP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que assistiu à cena sem qualquer manifestação de repúdio ou solidariedade.

O vereador repudiou o ato, afirmando que foi vítima de racismo e cobrou providências imediatas.

Fui atacado não só como vereador, mas como homem negro, pastor e cidadão.” disse Pastor Dinho.

Abrindo um comparativo, vale lembrar o caso de Ciro Gomes, que em 2020 foi condenado judicialmente por ter chamado o vereador paulistano Fernando Holiday de “capitão do mato” durante uma entrevista. À época, a Justiça reconheceu o caráter racista da expressão e determinou que o ex-presidenciável pagasse indenização ao parlamentar. O episódio serve como precedente jurídico e reforça a gravidade do que ocorreu na Câmara da Serra.

A omissão e ausência de posicionamento da Comissão de Direitos Humanos diante de um caso claro de racismo gerou indignação e levantou questionamentos sobre o comprometimento institucional do colegiado com a defesa dos direitos fundamentais, principalmente quando o alvo pertence a um espectro político diferente.

Confirmação no Rio Grande do Sul acende alerta sanitário, mas Ministério da Agricultura garante que não há riscos para o consumo de carne e ovos

O vírus da gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) ultrapassou uma barreira inédita no Brasil: chegou, pela primeira vez, a uma granja comercial. O foco foi identificado em um matrizeiro — estrutura voltada à produção de ovos férteis — no município de Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A confirmação foi divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Agricultura.

“Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. Desde 2006, ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa”, informou a pasta, em nota oficial.

Apesar do alerta, o governo federal foi direto em acalmar os consumidores: o consumo de carne de aves e ovos permanece seguro.

“A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)”, esclareceu o ministério.

A confirmação do foco ativou o Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária. Equipes de vigilância já estão em campo para aplicar as medidas de contenção e erradicação previstas no protocolo, com o objetivo de proteger o setor produtivo e preservar o abastecimento.

“As medidas visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população”, acrescentou a pasta.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e os parceiros comerciais do Brasil também serão oficialmente comunicados.

Embora a presença do vírus em aves silvestres tenha sido registrada desde 2023 — com 163 ocorrências em animais selvagens e três em criações caseiras, segundo a plataforma oficial de monitoramento — até agora o sistema de produção comercial seguia intacto. Há ainda três novos casos em análise.

O Ministério da Agricultura destacou que o Brasil se preparou ao longo de duas décadas para esse tipo de cenário. Segundo a nota, o Serviço Veterinário Oficial foi treinado e equipado desde os anos 2000 para enfrentar emergências sanitárias envolvendo a gripe aviária.

“Ao longo desses anos, para prevenir a entrada dessa doença no sistema de avicultura comercial brasileiro, várias ações vêm sendo adotadas, como o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários oficiais e privados, ações de educação sanitária e a implementação de atividades de vigilância nos pontos de entrada de animais e seus produtos no Brasil. Tais medidas foram cruciais e se mostraram efetivas e eficientes para postergar a entrada da enfermidade na avicultura comercial brasileira ao longo desses quase 20 anos”, destacou o ministério.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e mantém protocolos rígidos para garantir a sanidade do rebanho aviário. A confirmação do caso comercial não implica, até o momento, em barreiras automáticas ao comércio exterior, mas reforça a necessidade de vigilância redobrada nos próximos meses.

Com taxa nacional em 7%, levantamento do IBGE revela crescimento da informalidade, disparidades regionais e diferença acentuada entre grupos sociais

A lenta recuperação do mercado de trabalho brasileiro sofreu novo revés no primeiro trimestre de 2025. Dados divulgados nesta sexta-feira (16) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, indicam que o desemprego cresceu em 12 estados e manteve-se estável nos demais, elevando a taxa nacional de desocupação de 6,2% — registrada no último trimestre de 2024 — para 7%.

Na ponta mais frágil da lista estão Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%) e Piauí (10,2%). Do outro lado, com os menores índices de desemprego, aparecem Santa Catarina (3,0%), Rondônia (3,1%) e Mato Grosso (3,5%).

Os números, no entanto, não se resumem às variações percentuais entre estados. Eles carregam contrastes mais profundos. As mulheres enfrentam uma taxa de desocupação de 8,7%, enquanto entre os homens o percentual é de 5,7%. Entre os brasileiros pretos, o desemprego chega a 8,4%. Entre os pardos, 8%. Já entre os brancos, fica em 5,6%.

O grau de escolaridade também pesa: quem tem ensino médio incompleto enfrenta uma taxa de desocupação de 11,4%. Para quem concluiu o ensino superior, o índice cai para 3,9%.

A informalidade segue como marca estrutural do mercado de trabalho no país. Segundo o IBGE, 38% dos trabalhadores atuam sem registro em carteira ou CNPJ. Os estados do Maranhão (58,4%), Pará (57,5%) e Piauí (54,6%) concentram as maiores taxas. Já Santa Catarina (25,3%), Distrito Federal (28,2%) e São Paulo (29,3%) registram os menores percentuais.

Apesar das dificuldades, alguns estados mantêm alto nível de formalização. Santa Catarina lidera com 87,8% dos empregados do setor privado com carteira assinada. São Paulo (83,4%) e Rio Grande do Sul (81,5%) também figuram entre os melhores índices.

Outro dado relevante do levantamento é a taxa de trabalhadores por conta própria: 25,3% dos brasileiros atuam como autônomos, realidade mais comum em Rondônia (35,6%) e Maranhão (32,7%).

O retrato do início de 2025 aponta um mercado desigual, pressionado por informalidade, regionalismo e barreiras históricas que dificultam o acesso ao emprego formal. Para grande parte da população, especialmente a que vive fora dos grandes centros, a recuperação ainda parece distante.

Proposta quer coibir simulações com réplicas hiper-realistas de bebês que vêm gerando tumulto em unidades de saúde e distorcendo o acesso a serviços públicos

Um grupo de parlamentares do PL está em movimento para endurecer as regras de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) diante de um fenômeno, no mínimo, inusitado: o uso de bonecos “reborn” — réplicas quase perfeitas de recém-nascidos — por mulheres que tentam se beneficiar de atendimentos prioritários e serviços de emergência.

O caso, que tem se repetido em diferentes cidades do país, acendeu um alerta entre deputados da base conservadora. A estratégia, segundo relatos recebidos por parlamentares, envolve simulações em salas de espera, filas e até chamadas de emergência. Há registros de atendimentos paralisados por conta da confusão causada com os bonecos.

A reação não tardou. Parlamentares da bancada estão elaborando um projeto de lei que permita a aplicação de multas e punições administrativas a quem utilizar de forma indevida os equipamentos públicos de saúde — especialmente em casos de simulação com os “reborns”.

“Não se trata de julgamento pessoal. O problema é quando uma ação como essa passa a interferir no bom funcionamento do sistema de saúde pública. O SUS é para quem precisa de verdade”, disse um dos articuladores da proposta, em condição de anonimato.

A proposta ainda está em fase de redação, mas já conta com o apoio de membros da Frente Parlamentar da Saúde e de deputados da oposição, tanto no Congresso Nacional quanto em assembleias legislativas estaduais. A medida tem como base um princípio claro: resguardar a integridade dos atendimentos reais e impedir que situações absurdas desviem recursos, tempo e atenção das equipes médicas.

A polêmica tomou corpo nas redes sociais nos últimos meses. Em Curitiba, por exemplo, a prefeitura se viu obrigada a se manifestar oficialmente, após registros de confusão em terminais de ônibus e unidades de saúde. Em tom bem-humorado, mas direto, a nota publicada dizia: “Reborns são fofos, mas não garantem lugar no amarelinho”, numa referência aos assentos preferenciais destinados a gestantes e pessoas com crianças de colo.

Por trás da excentricidade, um tema sério: a banalização de um serviço público essencial em nome de caprichos individuais — e o risco real de prejudicar quem, de fato, precisa de cuidado imediato. A proposta em discussão não pretende invadir a esfera privada ou questionar motivações pessoais. Mas quando o comportamento compromete o bom funcionamento do SUS, o limite precisa ser traçado.

Vídeo gravado em show no Piauí viraliza nas redes e alimenta rumores sobre relação entre Lorenzo Pazolini e Cris Samorini, em meio ao avanço da pré-campanha para 2026

O vídeo não dura cinco segundos. Mas, no ambiente polarizado e faminto por narrativas da pré-campanha de 2026, foi tempo suficiente para acender uma faísca. Nas imagens, gravadas durante um show em Teresina (PI), o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), aparece se apoiando brevemente no ombro da vice-prefeita Cris Samorini. O gesto, comum em qualquer roda de amigos, bastou para alimentar insinuações e virar munição para adversários políticos.

Pazolini, casado com uma promotora de Justiça, lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo do Espírito Santo. Samorini, empresária e vice discreta, também tem seu nome ventilado para cargos majoritários. A dupla, que já dividiu palanque e agenda institucional, agora vê a sintonia interpretada como “clima de intimidade” por colunistas de celebridades.

O vídeo foi disseminado por Léo Dias, jornalista conhecido por polêmicas com nomes como Anitta, Luana Piovani e Neymar. Ao comentar o conteúdo, Dias sugeriu haver algo além do tom institucional:

“O gesto de Pazolini tem um clima de intimidade”, escreveu o colunista em uma postagem que repercutiu rapidamente nas redes.

A crítica de bastidores não veio de fontes políticas diretas, mas o material caiu no colo dos opositores como uma espécie de presente. Em ano pré-eleitoral, qualquer ruído vira sirene.

Na prática, o episódio revela mais sobre a fome por escândalos do que sobre qualquer irregularidade. O evento em questão ocorreu fora do Espírito Santo, mas dentro da legalidade. A Lei Orgânica do Município é objetiva: o prefeito e a vice podem se ausentar da cidade por até 15 dias, sem necessidade de aval da Câmara Municipal. E foi o caso.

Entre apoiadores, o gesto foi visto como natural e sem margem para más interpretações. Mas, para quem quer enfraquecer a imagem de Pazolini, bastou um ombro.

“Tudo cheira a algo. Tudo cheira a erro, a traição, a mentira… mesmo quando não há nada”, ironizou um aliado do prefeito, pedindo anonimato.

No fim, o episódio reforça um traço recorrente da política: quando o protagonismo sobe, o julgamento desce. E, às vezes, até o gesto mais banal vira pauta — principalmente se for filmado.

Campanha nacional chega a 2025 com o desafio de despertar, nas ruas e consciências, o peso real dos números que o Brasil ainda insiste em naturalizar

No Brasil, morrer no trânsito virou quase uma estatística diária. São mais de 90 vidas perdidas por dia em acidentes que, em sua esmagadora maioria, poderiam ter sido evitados. Não se trata de fatalidades, mas de falhas humanas — distração ao volante, excesso de velocidade, imprudência, desrespeito à sinalização. É nesse cenário que ganha sentido o Maio Amarelo, movimento que há mais de uma década busca romper a anestesia social diante dessa tragédia silenciosa.

Neste ano, o tema proposto pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) é direto: “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”. A escolha das palavras não é casual. A campanha de 2025 quer devolver o protagonismo às pessoas — não apenas como vítimas ou números, mas como agentes de transformação.

A cor amarela, que simboliza atenção no trânsito, ilumina neste mês não só fachadas de prédios e monumentos públicos. Ela é também um chamado simbólico, um lembrete de que cada decisão tomada atrás de um volante, sobre duas rodas ou mesmo a pé, carrega consequências que vão além do indivíduo.

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 33 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil apenas em 2022. Isso sem contar os mais de 250 mil feridos que sobreviveram, muitos com sequelas permanentes. O impacto vai muito além do drama pessoal: representa uma sangria nos cofres públicos — com estimativas que superam R$ 50 bilhões por ano em custos diretos e indiretos — e uma devastação invisível nas famílias atingidas.

A coordenadora de educação do ONSV, Viviane Fonseca, resume o propósito da campanha:

“A ideia é humanizar o trânsito. Mostrar que não estamos falando apenas de estatísticas, mas de pais, mães, filhos, amigos que não voltam para casa. A responsabilidade é compartilhada, mas começa com a consciência individual”, afirmou.

Neste ano, o Maio Amarelo também reforça o foco nos mais vulneráveis: pedestres, ciclistas, motociclistas e usuários do transporte público. São esses os que mais sofrem nas vias brasileiras, muitas vezes mal sinalizadas, sem infraestrutura adequada e dominadas por uma cultura de pressa e desatenção.

Em paralelo às ações de conscientização, várias cidades brasileiras lançaram iniciativas locais. Capitais como Curitiba, Salvador e Goiânia ampliaram blitzes educativas, rodas de conversa em escolas, simulações de acidentes com equipes do SAMU e campanhas nas redes sociais. A intenção é levar a discussão para dentro das casas, dos grupos de família no WhatsApp, dos bares, das empresas.

A mobilização, no entanto, ainda encontra resistência. O trânsito no Brasil é, muitas vezes, tratado com certo cinismo — como se imprudência fosse sinônimo de esperteza e como se o respeito às regras fosse sinal de ingenuidade. Mudar essa mentalidade exige tempo, persistência e uma nova forma de olhar para o outro.

É por isso que o Maio Amarelo não quer apenas comover: quer incomodar. Quer que motoristas pensem duas vezes antes de olhar o celular enquanto dirigem. Que motociclistas escolham o capacete certo e respeitem o limite de velocidade. Que pais ensinem seus filhos desde cedo a atravessar na faixa. Que o poder público assuma seu papel na fiscalização e na melhoria da infraestrutura urbana.

Porque, ao fim, trânsito seguro não é um privilégio — é um dever compartilhado. E a mudança começa quando cada um assume a sua parte.

Como lembrou uma das campanhas do ONSV: “No trânsito, o sentido é a vida.” Em 2025, o desafio é fazer com que esse sentido volte a ser levado a sério.

Medida entra em vigor em 1º de junho e vale para turismo, negócios, intercâmbio e visitas familiares

Brasileiros que desejam viajar à China a partir de 1º de junho poderão fazê-lo sem a necessidade de visto — desde que a estadia não ultrapasse 30 dias. A nova política, anunciada oficialmente pelo governo chinês nesta quinta-feira (15), também beneficia cidadãos da Argentina, Chile, Peru e Uruguai. A isenção vale para viagens de turismo, negócios, visitas a familiares e amigos, intercâmbios ou trânsito.

A medida, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, terá validade provisória até 31 de maio de 2026. Durante esse período, será avaliado o impacto da política, em caráter experimental, antes de qualquer decisão sobre prorrogação ou mudança.

O anúncio ocorre dois dias após o presidente Xi Jinping antecipar o tema durante a abertura do Fórum China-Celac, realizado em Pequim. O evento reuniu líderes da América Latina e do Caribe, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Xi não havia detalhado quais países seriam contemplados, mas indicou que Pequim avançaria na facilitação da mobilidade entre as nações da região.

A leitura, nos bastidores diplomáticos, é clara: trata-se de um gesto calculado, voltado a fortalecer os laços com países latino-americanos de interesse estratégico para o governo chinês. A isenção de vistos aparece como mais uma peça no tabuleiro da aproximação comercial e política que se intensifica desde o início da década.

“Essa política demonstra a disposição da China de aprofundar os intercâmbios com os países latino-americanos e promover laços mais estreitos com as pessoas da região”, afirmou Lin Jian, ao comentar a decisão.

No Brasil, o Itamaraty informou que a decisão foi comunicada de maneira oficial por canais diplomáticos e que o governo brasileiro ainda avalia se responderá com reciprocidade — ou seja, com isenção de visto para cidadãos chineses. Atualmente, a entrada de chineses no Brasil requer visto prévio em praticamente todas as modalidades de viagem.

A mudança deve favorecer principalmente brasileiros que mantêm relações comerciais com a China, hoje o principal parceiro econômico do Brasil. Em 2023, o comércio bilateral ultrapassou os US$ 150 bilhões. A nova facilidade de entrada tende a acelerar o ritmo de viagens de negócios, sobretudo entre empresários do agronegócio, logística e tecnologia.

Além do campo econômico, o turismo e os intercâmbios acadêmicos também devem se beneficiar. A expectativa é que universidades, centros de pesquisa e programas de intercâmbio educacional aproveitem a nova janela diplomática para ampliar o tráfego de estudantes entre os dois países.

Com o anúncio desta quinta-feira, a China dá um passo concreto para estreitar relações com países latino-americanos, apostando não apenas nos contratos e nos investimentos, mas também no contato direto entre pessoas — um tipo de diplomacia silenciosa que, aos poucos, ganha força e profundidade.

Deputada do PL e hacker foram sentenciados por invasão ao sistema do CNJ e falsidade ideológica; Zambelli perde o mandato e ficará inelegível por oito anos

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou, por unanimidade, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti por crimes ligados à invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça. A decisão foi proferida nesta quarta-feira (14) e prevê penas severas para ambos. Zambelli recebeu uma sentença de 10 anos de prisão em regime inicialmente fechado, além da perda do mandato parlamentar e da inelegibilidade por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa. Delgatti foi condenado a oito anos e três meses de prisão, também em regime fechado. Ele já se encontra preso preventivamente.

Ambos também foram obrigados a pagar indenização no valor de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

A condenação marca um episódio raro e simbólico no cenário político recente: uma parlamentar em exercício sendo responsabilizada diretamente por uma operação de ataque cibernético contra o próprio Judiciário. O caso foi relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que não poupou palavras ao descrever a conduta da deputada.

“Demonstrou pleno conhecimento da ilicitude de suas condutas, agindo de modo premeditado, organizado e consciente, na busca de atingir instituições basilares do Estado Democrático de Direito, em especial o Poder Judiciário, representado pelo STF e pelo CNJ”, afirmou Moraes, durante a leitura do voto.

No caso de Delgatti, a avaliação do relator seguiu a mesma linha dura. Moraes ressaltou que o hacker operou com sofisticação técnica e intenção deliberada de desestabilizar o funcionamento institucional do país.

“Consciente e deliberado ataque não apenas à honra e à liberdade pessoal da autoridade visada, mas ao próprio funcionamento das instituições democráticas, evidenciando grau de culpabilidade que muito extrapola o comum aos delitos imputados”, destacou.

Pedido da defesa foi rejeitado

Antes do julgamento, a defesa de Carla Zambelli tentou adiar a decisão. Solicitou ao STF que suspendesse a análise do caso até que a Câmara dos Deputados apreciasse um recurso para travar a ação penal. Moraes rejeitou o pedido de imediato. Argumentou que cabe exclusivamente ao Legislativo decidir sobre o tema e que o julgamento já estava em andamento, sem motivo plausível para paralisação.

As acusações contra a deputada ganharam força com o parecer da Procuradoria-Geral da República. Segundo a PGR, Zambelli teria “comandado a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”.

A denúncia vai além. A Procuradoria afirma que Zambelli orientou o hacker a fabricar um mandado de prisão falso — e justamente contra o ministro que relatou o caso: Alexandre de Moraes.

Delgatti, por sua vez, teria agido “de maneira livre, consciente e voluntária, sob o comando de Carla Zambelli”, realizando as invasões entre agosto de 2022 e janeiro de 2023.

Com a decisão da Primeira Turma, o caso segue agora para as fases finais. Ainda cabe recurso, mas a perda do mandato já está no horizonte: assim que houver o trânsito em julgado, a Câmara dos Deputados será oficialmente notificada para declarar a cassação.

ESPORTES

playing slots for real money